“Nunca deixe de lembrar”

O Ator Tom Schilling Faz O Pintor Alemao Em Nunca Deixe De Lembrar
Foto: O ator Tom Schilling faz o pintor alemão, em “Nunca deixe de lembrar”.

O título acima é de um belo filme alemão. Uma verdadeira ode à arte de pintar e ao amor. Obra que me remeteu à infância, quando tinha apenas dez anos de idade e já iniciando as tarefas de sala de aula, praticando desenhos e pinturas, quando estudava no tradicional Gruo Escolar João Úrsulo, em Santa Rita. Anos mais tarde, na adolescência, encantado pelos écrans dos cinemas de meu pai, busquei cavalete, pincéis e tintas. Mas, foi o cinema que realmente me seduziu até hoje, definitivamente.

Porém, o que eu quero mesmo registrar, hoje, é a boa impressão que esse filme me fez ao assisti-lo. Até em razão do seu próprio título, quando adverte: “Nunca deixe de lembrar”. Ao que acrescentaria: nunca olvide dos momentos bons de sua vida; até mesmo daqueles que não foram tão auspiciosos. Porque são “esses”, seguramente, que temos de referência para melhorarmos na vida.

Nunca deixe de lembrar é baseado em episódios realmente acontecidos (período em que nasci) durante a Segunda Grande Guerra, numa cidadezinha alemã, e conta a história do garotinho Kurt (Cai Cohrs), que é levado pela amorosa tia aos ambientes de exposições de artes de sua cidade. Quando adulto, agora pintor, Kurt (papel vivido pelo ator Tom Schilling), vive a época de exceção do pós-guerra. Escapa de sua cidade e vai morar em Dusseldorf. Lá, na Academia de Artes busca aprimorar sua pintura, enfrentando alguns obstáculos, por ser de origem da Alemanha Oriental, de onde fugira. Mesmo assim, no seu dia-a-dia, alcança uma relação amorosa com a colega de curso, amenizando os seus traumas de infância e das atuais convivências.   

 O filme nos traz ensejos às boas reflexões, quando nos põe instruções como essa: “Só na Arte a liberdade não é uma ilusão”. Aliás, uma expressão que diz muito bem o momento em que vivem os personagens da história. Um autoritarismo imposto pelo Führer. Mesmo na época de renovação das artes.

Poucos são os filmes sobre as guerras que trazem um enfoque “humano”, além dos conflitos militares e suas tragédias. Nunca deixe de lembrar, do laureado diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, é o contrário. A história se preocupa com o Social, sobretudo, e com a vida do jovem pintor alemão e sua própria arte. Justamente, numa época de conflitos políticos, sob regime ditatorial dos anos de 1940 e do pós-guerra.

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2019, o filme ficou fora do páreo. A produção do ano anterior enfrentou alguns problemas com o seu lançamento. Inclusive de bilheteria nos cinemas em que foi exibido, em cidades alemães. Outro aspecto que a crítica aponta “negativo” é a metragem do filme. Nunca deixe de lembrar tem mais de três horas de duração… Mas aqui, destaco a atuação de Sebastian Koch como o médico e oficial alemão. E apesar de todos os aspectos considerados negativos, trata-se de uma obra digna de assistência. É um filme que deve ser visto.


A diretoria da Academia Paraibana de Cinema se reuniu, esta semana, com a presidência da Fundação Casa de José Américo, e firmaram um acordo para a realização de uma série de cursos de extensão. As inscrições para os alunos interessados devem ser anunciadas, proximamente.

Segundo o professor João de Lima, presidente da APC, trata-se de uma iniciativa da academia, com parceria da FCJA. As aulas serão ministradas na própria fundação, em Cabo Branco. Os cursos são de roteiro, documentário, fotografia para audiovisual e sua preservação, além de História do Cinema.