Cinema é Arte de múltiplas acepções

Cena Do Filme Et De Steven Spielberg
Foto: Cena do filme “ET”, de Steven Spielberg.

Ao longo de minha convivência com o cinema, tenho buscado motivos para alguns instantes de criativas reflexões. Muitas delas são comparações prazerosamente lúdicas, sobretudo. São “imagens” de significados por vezes imperceptíveis ao espectador comum, para mim, no entanto, cheias de simbolismos prementes de interpretações. São coisas que nos fazem pensar diferentemente sobre elas, na busca daquele “algo mais”, que só a arte-do-filme proporciona.

Em um desses instantes, lembro bem, lá pelos idos de l982, tendo assistido ao lançamento de um dos filmes do diretor Steven Spielberg – naquela época colunista e editor do Segundo Caderno do Jornal O Norte –, escrevi sobre uma sequência de “ET”. E sobre ela ponderei simbolicamente semelhante à de outro filme, que havia visto quando criança, alguns anos antes, dirigido pelo húngaro naturalizado espanhol Ladislao Vajda. O filme, “Marcelino, pan y vino” (1954). Meu artigo repercutiu bem, sendo lembrado por um amigo, também professor da UFPB, em breve encontro que tivemos semanas depois na UFPB.

As sequências lembradas são as do garoto Marcelino (Pablito Calvo) aproximando-se da imagem do Cristo crucificado, no interior de uma capela, inicialmente temeroso, depois maravilhado. Já a cena do filme de Steven Spielberg, quando o garoto em seu próprio quarto tem o primeiro contato com um extraterrestre. Parece existir em ambas as construções, se assim podemos afirmar, uma semiótica perfeita, um significado único. Existe, alí, algo poderoso demais aos olhos das crianças do diretor Vajda e de Spielberg. Singular e emblemático à importância de ambos os filmes.

Em “Marcelino” e no “ET”, preservados os simbolismos – o Sagrado no filme de Vajda e o Científico em Spielber –, existe uma similitude entre os dois, justamente nos momentos sequenciais. Tais analogias de “sentidos”, simbolicamente erguidos pelo nosso cinema, também são encontrados em outras diversas abras. Lembremo-nos, então, de “8 1/2” (1963) de Federico Fellini e “Menino de Engenho” (1969/70) de Walter Lima Jr., do clássico de Zé Lins. Filmes de produções de uma mesma década, e onde encontraremos outro importante motivo de comparação, embora sob óticas diferenciadas. As performances da prostituta Saraguina (felliniana) e as de Zefa Cajá, do romance Zeliniano. Semelhanças, signos, tudo conta na construção de um bom filme. A rigor, em Arte, sobretudo em Cinema, as boas performances existem para serem lembradas, copiadas, ampliadas e até melhoradas. Nada contra…


A presidência da Academia Paraibana de Cinema, conforme seus estatutos, informa que a data da eleição do novo integrante da APC, entre os candidatos inscritos para Cadeira 02, vaga com o falecimento do cineasta Vladimir Carvalho será na próxima quarta-feira (07), pela manhã, na sede da entidade em Tambaú. O processo de seleção no novo membro da APC se dará com a participação de integrantes da diretoria da entidade, bem como dos associados presentes.