APL: Um cineclube que (parece) nunca existiu

Reuniao Do Conselho De Cineclube Da Fcja Na Epoca De Damiao Ramos
Foto: Reunião do Conselho de Cineclube da FCJA, na época de Damião Ramos.

A intenção de se criar um cineclube na Academia Paraibana de Letras, pelo que sei e tenho documentos que comprovam, não terá sido de hoje. Há dez anos, uma proposta era caprichosamente elaborada pela então presidência da APL, que, à época, teve a assinatura do professor Damião Ramos Cavalcanti, titular da instituição. Em verdade, não tenho certeza se o fato realmente ocorreu. Só sei que Damião deu a maior atenção ao assunto para que sua ideia desse certo.

Tempos depois, já na sua gestão à frente da Fundação Casa de José Américo, Damião Ramos seria o articulador principal e responsável na criação do Cineclube “O Homem de Areia”. Que ainda hoje existe, mesmo sem o glamour de seus primeiros anos, quando de suas reuniões fazíamos parte como integrantes da Academia Paraibana de Cinema,

Pois bem, retomo à questão de um cineclube na Academia de Letras, lá pelos idos de 2014, e sobre um projeto bem elaborado pela entidade, defendendo o valor da Sétima Arte como elemento agregador dos outros segmentos de arte, notadamente a literatura. Isso, ao justificar o seguinte: “LITERATURA e CINEMA, ensejos da presente Proposta, têm sido as formas de artes, além da música, mais contempladas no mundo todo. Elas se completam muito bem, desde que se registrou, no final do século XIX o advento da nova ‘arte de luz e sombras’. Reconhecido sempre foi que as grandes obras literárias de autores paraibanos, como também de brasileiros e estrangeiros, fizeram sucesso no cinema.”

Nos termos em que foi então elaborada, a proposta reivindicava uma participação bem efetiva da Prefeitura de João Pessoa, de sua Secretaria de Educação e Cultura, além da Funjope, especialmente de seu Plano Municipal de Cultura, para garantir as medidas a serem seguidas: “O Coordenador de Programação se reunirá com os dirigentes das Academias de Letras e de Cinema, para a escolha do filme com tema literário a ser apresentado em cada sessão; Os filmes serão locados em distribuidoras de João Pessoa, da Paraíba e de fora do Estado, e passarão pelo processo de adequação tecnológica especializada à exibição no Espaço Cinema de Arte, no Auditório da APL; As obras cinematográficas exibidas, após cada sessão serão discutidas pelos presentes, sob orientação das Presidências de ambas as Academias de Letras e de Cinema, com a participação de representante da Funjope.”

Trazendo a questão aos de hoje, a recente solicitação de integrantes da Academia Paraibana de Letras, para darmos apoio à criação de cineclube na APL, nos parece algo desprovido de sustentação. Sobretudo, por falta de infraestrutura técnica do ambiente. Isso mostrado, quando não conseguimos exibir um documentário, para homenagear um de nossos acadêmicos; também da própria APL, Wills Leal. E isso aconteceu quando da visita recente da diretoria da Academia Paraibana de Cinema àquela instituição de letras, no centro da cidade, numa abordagem feita diretamente ao vice-presidente da APC, professor Mirabeau Dias, que se mostrou muito solícito, mas pediu a formalização do pedido. O motivo para a criação do cineclube, segundo se informou, seria o de empreender mais uma atração para o Sol das Letras, que é realizado mensalmente na APL.


Ex-presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos acaba de receber o Prêmio de Melhor Atriz do 470 Festival Guarnicê de São Luiz do Maranhão, quarta-feira passada, por sua atuação no curta-metragem de ficção Antes de partir, com roteiro e direção de Sheury Manu Neves. A solenidade de entrega do prêmio foi no Teatro Arthur Azevedo daquela cidade. Academia Paraibana de Cinema foi igualmente representada pela atriz Zezita Matos.

Outra paraibana que faz parte dos quatros da APC, a atriz Marcela Cartaxo, acaba de ser também homenageada pelo seu filme A Hora da Estrela, de Suzana Amaral, que foi relançado agora em cópia nova. Filme que traz a atuação do paraibano José Dumont.