KÜBRA: Conflito entre a verdade e o fake new

Ator Cagatay Ulusoy Vive Personagem Infuenciado Pelo Kubra
Foto: Ator Çagatay Ulusoy vive personagem infuenciado pelo Kübra.

Não é sem razão que a produção turca venha marcando boa presença no streaming. Inclusive, com uma considerável aceitação no mercado brasileiro, a partir dos seriados que apresenta. O caso de Kübra é um deles. Um seriado com oito capítulos lançado recentemente pela Netflix, que assisti esta semana numa indicação de minha esposa Lili, Defensora Pública, também assídua aos seriados coreanos que dizem respeito à sua função advocatícia.

Considerada uma obra de “suspense dramático”, Kübra nos impõe uma séria reflexão sobre o universo de influências tecnológicas e políticas em que vivemos. Justo numa época em que, estranhamente, a mentira ganha foros de verdade, em razão de uma tecnologia de informação que nos facilita a vida, reconhece-se, mas torna as pessoas vulneráveis à enganação, à difamação…

A história de Kübra não difere muito de alguns burburinhos que vimos testemunhando no nosso dia a dia, gerados a partir das carências de grande parte das comunidades brasileiras. Situações que temos testemunhado pela imprensa, com certa frequência, nesses últimos tempos. Mas que, no caso do seriado turco, ganha uma dimensão muito maior e mais séria, porque mostra a preocupação que devemos ter com a complexidade do mundo cibernético e da informação midiática; mais ainda, no que tange à virtualidade dos meios e suas extensões em “inteligência artificial”.

É justamente do perigo causando por esse mundo midiático, mais ainda, com as chamadas faky news, que trata Kübra. Um seriado dirigido pela dupla Yağmur Taylan e Durul Taylan, com elenco bastante esforçado, liderado pelo ator Çagatay Ulusoy (conhecido de O Famoso Alfaiate) em excelente atuação. Ele que é vítima de faky, através da rede social, a induzi-lo como uma pessoa especial, supostamente indicada por Deus: “Você é diferente!”

A insistência dessa epístola sonora (atribuída à “Kübra”, que ele entende ser o Divino), faz com que o jovem Gökhan passe a acreditar que lhe esteja sendo atribuída a função de benemerente, aqui na terra, na ajuda das classes menos favorecidas, socialmente. No bairro onde mora, periferia de Istambul, na Turquia, juntamente com a noiva Merve (Aslihan Malbora) e alguns amigos ele passa a coordenar uma fundação social de apoio aos pobres do lugar, sempre pregando a “palavra de Deus”. A partir de então, começa o “martírio” de Gökhan, quando facções religiosas e políticas passam a contestar sua suposta relação com Deus. Ele começa a ser taxado de charlatão, sendo perseguido pela polícia do lugar. Interessante o seriado, indicando ser o primeiro de uma longa temporada. Mas, confuso no último capítulo, ao tentar explicar a influência das redes sociais no cotidiano das pessoas e a extensão dessa “máquina IA” como narrativa dramática. Contudo, Kübra é uma opção prá se refletir sobre a questão da religiosidade e os novos tempos cibernéticos.


O novo audiovisual com a atriz e ex-presidente da Academia Paraibana de Cinema, Zezita Matos(Anna Margot), realizado pela AS Produções, já pode ser assistido no YouTube, no endereço: https://youtu.be/FCvw8gB3VJw.

REGISTRO: O curta metragem Areia Memória e Cinema, realizado por Letícia Damasceno, esteve participando do festival Cine Forte, na terça-feira passada, em Cabedelo. O documentário trata do pioneiro Guto Barreto, que exibia filmes no Teatro Minerva da cidade de Areia, na Paraíba. Membros da APC, João de Lima e João Carlos Beltrão, participaram do audiovisual.