Os espaços, vivências e pessoas de um médico amigo de cinema

Foto: O autor revê a História da Medicina na Paraíba e sua estrutura urbana

Se alguém me perguntasse, por uma razão ou outra ligada ao Cinema, se as minhas ideias de representação histórica, urbana e social são hoje partilhadas com alguém, no que nos é importante como referências à nossa historiografia e, certamente, ao nosso cinema, afirmaria sem pestanejar: com o médico amigo Manoel Jaime Xavier Filho.

Não sem razão, havia anos vimos trabalhando juntos e focados naquilo que nos é verdadeiramente caro: a nossa Urbanidade; digo melhor, naquilo que nos tem sido mais importante resgatar em imagens e sons de nossa cidade, cenograficamente, de seus “espaços, vivências e pessoas”. Como tão bem soube traduzir o salutar escritor Manoel Jaime em seu mais recente livro publicado pelas Edições CRM-PB/Ideia.

Dias atrás, recebia na portaria do meu prédio um envelope endereçado a mim, que sob cuidados me foi entregue de imediato. Pelo remetente, saquei logo qual seria o seu conteúdo. Mesmo porque já havia lido uma crônica na Internet sobre o lançamento daquele livro. E em sendo indagado sobre o mesmo, de imediato o autor me disse pelo WhatsApp: “Alex, sou avesso ao espalhafatoso.”  Sobre o quê acordamos e rimos juntos…

O livro de Jaime Espaços, Vivências e Pessoas nos leva a refletir mais uma vez sobre a questão do Patrimônio Arquitetônico da Cidade de João Pessoa. Dessa vez, focando suas lentes nos antigos prédios abandonados, como o da antiga Faculdade de Medicina, no Varadouro.  São pontos cenográficos que tanto nos preocupam, mesmo não sendo arquitetos, mas dois simples “cinemistas” – e aqui, uso um neologismo criado pelo meu netinho Arthur Luna, de nove anos de idade (completados amanhã, dia 06, Dia de Santa Claus), isso quando gravávamos uma das cenas com ele, há dois anos atrás, justamente nos degraus da Igreja São Frei Pedro Gonçalves, no Centro Histórico, para o audiovisual Poltrona Rasgada.  

Pois bem, retomando o novo livro de Jaime, em alguns momentos ele nos traz preocupações bem fundadas sobre nosso patrimônio arquitetônico. Diria que sua visão urbana-literária-cenográfica é pertinente, o que nos têm dado perspectivas muito boas de resgate e de uma vigilância constante sobre a urbe em que vivemos. Vejam-se, por exemplo, alguns audiovisuais que já realizamos juntos – Antomarchi, Américo-Falcão Peregrino, e mais recentemente Poltrona Rasgada. Em todos esses trabalhos primamos por uma cenografia citadina, envolvendo a importância dos muitos atores que nela existiram e que registramos (in memoriam), distinguidos que foram em suas trajetórias social, política, artística, enfim, histórica.

Apesar de tratar em especial sobre os prédios públicos ligados ao exercício médico, alguns deles atualmente em ruinas, como é o caso da Antiga Faculdade de Medicina, no Varadouro, Jaime cita a acuidade de alguns nomes que fizeram e ainda fazem a história da Medicina na Paraíba. E, de quando em vez, mostra sua verve literária, coisa que deveras adquiriu nos tempos de academia, quando da leitura obrigatória de livros, que “… muito contribuirá para alicerçar a formação do futuro médico.” Dentre os autores, ele cita Machado de Assis, Liev Tolstói, Gógol, Stevenson de O Médico e o Monstro, entre muitos outros…

Espaços, Vivências e Pessoas, mesmo sendo um livro sobre medicina, médicos e sua arquitetura urbana, ele nos traz lances de Cultura Social, quando do capítulo Diretório Acadêmico Napoleão Laureano, à página 72 o autor nos dá algumas pistas. Talvez por isso, Jaime nos tenha premiado com atuações bem convincentes, que as descrevo pela ordem das nossas realizações: o Médico em Antomarchi; o Escritor em Américo- Falcão Peregrino; e o Padre em Poltrona Rasgada.

Mas e o cinema onde se situaria nesse livro do amigo Jaime? Mesmo não em razão da Sétima Arte, em seu conteúdo encontramos um elemento fundamental do cinema: o “espaço”; que se soma ao “tempo e ritmo”, trilogia que dá mobilidade (cinética) às imagens.


APC: Zezita pode chegar ao Oscar 2022

A atriz paraibana Zezita Matos, do teatro, cinema e televisão, também presidente da Academia Paraibana de Cinema (APC), acaba de ser premiada como Melhor Atriz Coadjuvante em festivais brasileiros, por sua participação no filme de longa-metragem Deserto Particular de Aly Muritiba.

O filme, que desde a semana passada já está em algumas telas nacionais, foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema e representará o Brasil na seleção do Melhor Filme Internacional a disputar o Oscar 2022.