Mundo de Zé Lins, sua visão no cinema e homenagens (I)

Foto: “Casa Grande do antigo Engenho Corredor, onde nasceu Zé Lins do Rego.”

Para minha grata surpresa, na semana passada recebi como encarte no jornal A União um rico exemplar de “José Lins do Rego – 120 Anos”. Uma publicação singular, que homenageia uma das figuras mais emblemáticas da literatura brasileira, e que li num fôlego só. Um condensado instruído com as imagens do escritor de “Menino de Engenho”, seus familiares, o ambiente cenográfico dos “mundos” do Engenho Corredor, além de fotos, depoimentos de admiradores e pessoas daquela região, que foram entrevistadas sobre Zé Lins pelo jornalista Alexandre Macedo. Tudo ricamente impresso na forma de revista especial, com noventa e poucas páginas.

Dentre os destaques da obra está o cinema (que jamais deveria faltar), o que vem bem representado pela nossa presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos. Ela que teve atuação destacada em “Menino de Engenho”, dirigido por Walter Lima Jr em 1965, com a participação de Sávio Rolim vivendo Carlinhos. Filme que valida a “alma vegetalista” de que falava Virgínius da Gama e Melo, dos verdes canaviais e matas que abraçavam os engenhos de cana de açúcar do Corredor, Oiteiro, Tapuá, além de casas dos colonos que margeavam o Rio Paraíba. Cenografia que só ganharia a cor no cinema onze anos depois, com os filmes “Fogo Morto” e “Soledade”. 

Houve um tempo em que bafejado pela curiosidade de jornalista, sobre a vinda de cineastas do sul do país para as filmagens dos nossos autores, e motivado pelo desejo de ver no cinema as imagens de romances paraibanos, sobretudo zelinianos e americistas, “ciganeava” eu (aqui, sem o pejorativo da palavra) de câmera Super-8 nas mãos pelas trilhas e bagaceiras tão famosas, entre os engenhos Oiteiro e Corredor. Naturais cenários dos romances de “Menino de Engenho”, “Fogo Morto”, “A Bagaceira”, além de outros. Andadas que fazia algumas delas em companhia do historiador e amigo José Octávio de Arruda Mello, quando ele estava à frente da Diretoria Geral de Cultura do Governo do Estado, depois na direção do IV Centenário da Paraíba.

Essa foi a época em que eu realimentava uma forte simpatia pelas sagas contadas por Zé Lins em seus livros, sobre as várzeas e mundos próximos á “Terra dos canaviais”. Uma Santa Rita que me viu nascer e crescer, portanto, vendo de perto os arroubos daquele mesmo Rio Paraíba quando resolvia se esmerar em suas grandes enchentes, inundando toda Rua do Rio e subindo até próximo à Praça João Pessoa e o Grupo Escolar João Úrsulo, para euforia da garotada, inclusive a minha, já que eu fazia o primário naquele colégio. Vendo hoje uma foto no jornal do amigo Damião Ramos fazendo parte de uma celebração, in loco, naquele pátio em frente à Casa Grande do antigo Engenho Corredor, deu uma saudade danada dos tempos idos. Em verdade, mesmo com uma infância não tão parecida àquela de Carlinhos, narrada por Zé Lins, nunca cheguei a ser realmente um menino de engenho; mas, “menino de cinema”, mesmo por questão de ofício parental, vivendo entre a realidade e a fantasia bancada sempre pelo meu saudoso pai, “Severino do Cinema”. Uma arte que soube bem traduzir, em imagens e sonhos, a verve literária do ilustre escritor paraibano.


APC une-se às homenagens a Zé Lins do Rego

A Academia Paraibana de Cinema, através de sua diretoria e associados, parabeniza as instituições do Governo do Estado e da iniciativa privada, pela celebração dos 120 anos de nascimento do escritor José Lins do Rego. Mais ainda, pela rica contribuição do autor ao cinema paraibano, a partir de sua obra maior na Sétima Arte, que foi “Menino de Engenho”, filme dirigido em 1965 pelo cineasta carioca Walter Lima Jr.

Presidente da APC e atriz Zezita Matos relatou para a revista “José Lins do Rego – 120 anos”, publicada agora por A União, como foi sua participação pela primeira vez no cinema, em “Menino de Engenho”, explicando da alegria que sente em ser conterrânea do escritor da cidade de Pilar.