O cinema “artesanal” estaria retornando?

Foto: Assis Gabriel, projecionista e montador de Super-8.

Qualquer informação publicada sobre a nossa cultura – especialmente a do cinema, cujas raízes datam de mais de um século –, mesmo que seja por meio de uma simples notícia de jornal, por dever de ofício, deve-se mencionar suas origens e aqueles que a deram vida; e continuam a fazê-lo. Mais ainda, sobre a Cinematografia paraibana dos anos de 1970/80, construída com a criatividade e o esforço de uma geração “faminta” de boas ideias. Realização da qual fiz parte, honrosamente. Inclusive, produzindo alguns documentários premiados nacionalmente.

Agora, bem posta essa ideia de se retomar, com o Super-8, aquele ciclo de Cinema Independente, inventivo, que concretizamos há quase cinquenta anos atrás. Afirmo isso, em razão de recente matéria jornalística publicada, porque hoje, dizem, o suporte em película de 8 milímetros voltou a ser usado como autêntico recurso de filmagem, com banda magnética em 24 quadros por segundo. E que a antiga construção da “montagem” narrativa (não de simples “edição digital”, método atual) premia mais uma vez a categoria de “Montador” – Verdadeiros artesãos de um cinema considerado “autônomo”, que realmente gerou escolas de filmagens.

A “bitola nanica”, como a conhecíamos à época, foi realmente um grande instrumento ao nosso aprendizado na arte de FILMAR; não de simplesmente gravar imagens, o que vem sendo uma prática inovadora, contemporânea, e muito mais fácil de realizar um audiovisual. O quadro-a-quadro, em película, sempre foi o nosso grande desafio, naquela época. A montagem consistia em dar sentido (lógica) a um assunto “juntando pedaços” de películas e colando-os para se conseguir o que chamo de “nexo narrativo de um discurso fílmico”.

Lembro bem da nossa ansiedade, ao terminar cada etapa de filmagem, pelo resultado obtido com as imagens. Cada rolinho de filme, que durava três minutos, era revelado fora, muitas vezes nos laboratórios da Líder, em São Paulo. Levava alguns dias para chegar até nós a cópia reversível (positivo). E essa demora mantinha-nos sempre numa expectativa, embora interessante aos debates sobre os nossos “curtas”, ainda em realização. Essa demora dava margem a um refinamento das ideias. Tempos interessantes de experiências e de produção fílmica! O Super-8 sempre foi uma atividade compartilhada. Lembro do velho amigo Assis Gabriel (foto), um exímio montador superoitista, que também me acompanhou em alguns audiovisuais que realizei, nas digitalizações de hoje. Assis, parceiro que, em tempos idos, foi projecionista nos cinemas de meu pai. Coisas assim, me traz um saudoso “amarcord” do meu pai Alexandre, um dos pioneiros da nossa cinematografia.


APC reúne-se com integrantes da FCJA

A presidência da Academia Paraibana de Cinema, então representada pelo vice-presidente João de Lima Gomes e pelo acadêmico Mirabeau Dias, do Conselho Diretor da APC, reuniu-se na quarta-feira passada com alguns integrantes da Fundação Casa de José Américo, em Cabo Branco, para ratificar os acordos de cooperação entre as duas entidades.

Na ocasião foram preservados os termos originais de continuidade da APC nas dependências da fundação. A reunião contou com as presenças de Milton Dornelas da SECULT, Lúcio Guerra da FCJA e técnicos da entidade.