Quem leu o romance “The Dig” de John Preston, publicado em 2007, não vai achar muito diferente o roteiro adaptado por Moira Buffini para o filme “A Escavação” dirigido por Simon Stone, que vi recentemente no streaming da Netflix. Então, que diferença me fez a harmonização dos supostos fatos no filme narrados e o que realmente aconteceu às vésperas da rebentação da Segunda Grande Guerra?
A rigor, esse fato apocalíptico que mudaria grandemente a fisionomia do mundo todo não é explorado no filme de Stone. E o vimos só como referência, simplesmente porque ele serve como pano de fundo de uma época do final dos anos 30, quando já haviam fortes expectativas da entrada dos alemães em territórios ingleses.
O que importa mesmo no filme é a trama construída, a bela localização cenográfica da comunidade de Sutton Hoo, nas proximidades da Costa Leste da Inglaterra, onde se desenvolve a ação. Além disso, lógico, a performance dos atores, formando um excelente elenco. Ralph Fiennes, importante ator, também diretor e produtor britânico – de outra singular obra, “O Jardineiro Fiel”, filme que aprecio muito – e Carey Mulligan fazendo o papel da Sra. Edith Pretty, dona da propriedade onde são descobertas as relíquias medievais. Atriz que teve de ser envelhecida para o papel, gerando muitas especulações conservadoras, sob alegações de que ela não tinha o perfil desejado para interpretar a personagem. Frivolidades de bastidores de produção, só isso…
Além desse lero-lero, de que os atores tenham sido providos do artifício de uma maior idade para se adequarem às personagens, o fato histórico e o próprio argumento abordado transcendem às picuinhas. E para se entender bem a obra literária de John Preston (“The Dig”) e, consequentemente, o filme “A Escavação” de Simon Stone, é necessário que se tenha, pelo menos, uma noção mínima sobre o que motivaram as escavações nos sítios de Sutton Hoo.
A rigor, a história explica muito bem sobre as descobertas arqueológicas descobertas naquelas terras, no século passado. As escavações de Sutton Hoo revelaram uma câmara mortuária de uma fragata enterrada com grande quantidade de ouro, que se presume ser de um guerreiro anglo-saxão. Bem, esse é o fundamento histórico em que se baseiam a novela e o filme.
Tanto na forma literária como na cinematográfica, a narrativa conduz todos os personagens à normalidade de uma situação típica a da viúva, Sra. Edith (Carey Mulligan), que herdara uma extensa e antiga propriedade, mas que enfrenta dificuldades com trabalhadores nas tarefas diferenciadas. Surge então o especialista Basil Brown (Ralph Fiennes), que passa a assisti-la e a comandar as escavações, enfrentando desacordos de um grupo político e de figuras ligadas ao museu de antiguidades da localidade. O que permeia toda a narrativa é a discrição dos protagonistas sobre o rico achado. Embora tenha sido grande a repercussão do fato naquela época. É um filme interessante, principalmente para que detém alguma curiosidade pela história e pelas sutilezas do cinema inglês.
APC reúne sua diretoria
A Academia Paraibana de Cinema, adotando as normas e protocolos sanitários de segurança, realizou recentemente, através de live, reunião com um grupo mínimo de diretores e conselheiros da entidade. O objetivo do encontro foi definir algumas metas da associação ainda este ano.
Entre as quais, estaria o preenchimento de uma vaga de conselheiro, sendo a outra questão a recondução da atriz Zezita Matos à titularidade da Academia, junto com toda sua diretoria. Assunto esse que deve ser decidido oportunamente, em Sessão Ordinária. O encontro contou com a participação virtual, além da presidente Zezita, dos acadêmicos João de Lima, Alex Santos no auxílio jurídico, e do fotógrafo Carlos Beltrão.