“Remake” para saudar um sectário do nosso cinema

Foto: “O diretor Alex Santos e equipe gravando Balduino Lélis (D) em Remake – A história de um reinício.

Existem coisas que jamais advêm por acaso. Chegara de uma temporada de dois anos e meio morando em Brasília, onde fui concluir mestrado na UnB, e logo recebi a incumbência de apresentar um programa de televisão de uma produtora de João Pessoa, a Panorama Ltda. Era final de ano, aquele 1995, e lá estávamos nós a relembrar os 100 Anos da criação do Cinema.

O programa “Paraíba Hoje na TV”, exibido nos finais de semana por um canal de televisão da cidade, com redação minha e apresentação de Sandra Barcia, foi, posso afirmar, o motivo para que eu realizasse um documentário celebrando também os quase cem anos do cinema paraibano.

“Remake: A história de um reinício”, que dirigi naquele ano, teve ainda um forte motivo para a sua realização, que foi a presença do produtor Aníbal Massaini Neto e do diretor de cinema Carlos Coimbra, que aqui vieram para “sondar” a possibilidade da refilmagem de “O Cangaceiro” de Lima Barreto, realizado em 1953 e ganhador de prêmios no Festival de Cannes, na França.

Após uma rápida visita que fizemos ao gabinete do governador Antonio Mariz no Palácio da Redenção, onde gravamos imagens, também de uma outra visita ao Secretário de Cultura Iveraldo Lucena, e realizarmos encontro em Tambaú, com um grande número de realizadores e atores locais, dentre eles Machado Bitencourt e a atriz e produtora Kristel Bianco Rique, seguimos para a região do Cariri paraibano na companhia do entusiasta Balduíno Lélis. Este, que nos guiaria pelos caminhos de Taperoá durante as gravações em U-Matic. Ali, Balduíno me expôs um de seus maiores sonhos: fundar a Cidade Cenográfica de Sansaruê, fazendo previsões otimistas ao cinema paraibano.

Esse sonho balduiniano motivaria Kristhel Byancco’s Productions a nos solicitar sua concretização no curta-metragem “Sansaruè Scenographic City”( http://youtu.be/AUxIbtYlens ), com direção minha, narrado em inglês, com imagens e edição em U-Matic e finalizadas na WL Produções, e que seria para uma exibição exclusiva na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

E gostaria de registrar aqui um dos trechos que me declarara Balduíno, em sua entrevista ao “Remake: A história de um reinício”:

“Hoje, nós precisamos acreditar na juventude das nossas ideias e não só na velhice dos nossos cabelos brancos. Devemos confiar no futuro e em tudo aquilo que temos para oferecer: a nossa paisagem, o sol, a nossa cultura e fazer valer o nosso cinema.”    Pois bem, o mesmo Balduíno Lélis, multiculturalista, dinâmico, que nos brindava com uma entrevista otimista, enfática, em “Remake”, profetizando uma perspectiva autônoma para o cinema paraibano. O mesmo Balduíno que agora se foi deixando saudades, parceiro que ocupava a Cadeira 3 da nossa Academia Paraibana de Cinema, tendo como Patrono Alberto Leal, um dos pioneiros da cinematografia exibidora paraibana.


APC: NOTA DE CONDOLÊNCIAS

A presidência da Academia Paraibana de Cinema, diante do recente falecimento de seu acadêmico Balduíno Lélis, Cadeira nº 3 (Patrono Alberto Leal), presta condolências à família dele, lembrando a sua ativa participação na vida cultural do nosso Estado.

Além de influente atividade no campo da museologia, Balduíno teve atuação também no cinema. Em 1995, celebrando os 100 Anos do Cinema, ele concedeu entrevista ao documentário “Remak – História de um reinício” dirigido pelo cineasta Alex Santos. Antes, porém, dentre outros teve atuação expressiva em “Menino de Engenho”, “Fogo Morto”, “Salário da Morte”, este dirigido pelo cineasta Linduarte Noronha, dentre outros longas-metragens.   

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