“Gotas” de fomento à cultura talvez não banhem o cinema

Foto: “Bolsonaro promete acabar com o que diz ser uma mamata”.

Não seriam “as águas de março fechando o verão”, como diz a bela canção de Jobim, mas até que poderá ser “uma promessa de vida para o seu coração”. Melhor dizendo, uma promessa de vida para aqueles que teimam em realizar o audiovisual na Paraíba.

Conforme já foi anunciado pela imprensa, nada menos que 18 municípios paraibanos, de Coxixola à Cabedelo, serão “banhados” pela Cagepa através da Lei Rouanet. A Companhia disponibilizará, já a partir deste mês de janeiro (e não em março, “fechando o verão”), mais de 500 mil reais como incentivos culturais às realizações de festivais e mostras de cinema por todo o estado.

A medida por parte do Governo do Estado é deveras salutar para a cultura audiovisual, digo até meritória. Desde que não haja entraves como já anunciou há duas semanas atrás a Folha de São Paulo, quando publicou expressamente: “O governo federal não autorizou que projetos culturais recebam patrocínios já acertados com a iniciativa privada por meio da Lei de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet.” E que, “…mais de 200 projetos culturais, que já tinham captado recursos, aguardavam a publicação de uma autorização no Diário Oficial da União até quarta-feira (30).” O que, parece, não aconteceu.

Um dado, porém, deixou intrigado o meio audiovisual paraibano. Será que os tais recursos da Cagepa, previstos para este mês de janeiro, se inserem na ausência de sintonia do então secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura André Porciúncula junto ao governo Bolsonaro? Quando, pelas redes sociais, na quinta-feira e último dia do ano, ele disfarçou não se sentir bem e confortável sobre o assunto, afirmando que só aprovará a “exata quantidade de projetos que for possível auditar”, e não ser um “mero carimbador”.

Enquanto isso, mitigando ansiedades pelas pequenas gotas que caem da torneira de fomento à cultura, através da Cagepa, ficariam os videomakers e agentes de cinema paraibanos à espera de que, os confusos atos bolsonaristas de seus comandados, sejam mais claros. E que, em respeito à Cultura Nacional, busquem falar uma mesma linguagem… Foi patético ver aquela malta de puxa-saco sentada ao lado do presidente Bolsonaro, batendo palmas caricatas pra seu capitão, enquanto ele noticiava mais um boicote à Cultura e à Lei Rouanet.

Agora, uma indagação: o que são 500 mil reais, com o selo “Lei Rouanet”, para serem distribuídos, no caso, com 18 municípios paraibanos? Nada mais seriam que “pingos d’água” para atividades culturais importantes. Na verdade, não comungo muito bem com essa coisa de esmolar sinecuras oficiais para se agenciar programas culturais. A iniciativa privada é que deveria assistir muito bem a isso, diretamente com os agentes de cultura, seja em que segmento for. No mais, é esperar que as “águas de janeiro” (da Cagepa, ou não) possam irrigar os anseios daqueles que delas precisem…


Zezita pode ser reconduzia à APC

A presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos, conclui seu mandato à frente da instituição neste mês de janeiro. Eleita em 2018 para uma gestão de três anos, ela pode ser reconduzida para um novo e igual período, na conformidade do que prevê os Estatutos da APC, em seus art. 15, parágrafos, incisos e alíneas.  

Entendimentos nesse sentido estão sendo mantidos, entre membros da atual diretoria e integrantes da entidade, para que Zezita Matos continue na presidência. Mesmo que a posse da atual presidente tenha sido em junho de 2018, “por questão de atraso na documentação”, segundo afirmou professor João de Lima, as providências para eleição da nova diretoria serão tomadas, ainda este mês de janeiro.