O cinema dos dias hoje já não é mais a arte-mito que sempre foi. E jamais poderia ser; os tempos são outros… O cinema atual perdeu seu real glamour, seus habituais encantamentos e sortilégios. E apesar de estar sendo apoiado pelo diáfano da grande mídia, jamais se diga que o glamour hollywoodiano representa verdadeiramente a magia do cinema. Seria, então, menosprezar a verdadeira face de uma Arte que, durante décadas, sempre foi o fetiche de multidões no mundo todo. Esse mesmo cinema que se perdeu no tempo, ao migrar das comunidades e dos bairros, travestindo-se de pérfido multiplex.
Dias atrás, recebi a solicitação de um parceiro da Academia de Cinema que me pedia para participar de live, onde se discutiria sobre a possiblidade de abertura ou não das salas de cinema em João Pessoa. Fiquei em dúvida, se participaria ou não da tão oportuna questão. Refleti bem e usei de uma velha máxima latina: “In dubio pro reo”. Então, optei em não participar, também por outros compromissos agendados. Decidi, então, em favor do próprio réu.
Se é verdade que o cinema vive hoje impetrado por uma causa que não protagonizou, mas que teve seus direitos e liberdades individuais, sociais e empresariais (temporariamente, espero) cassados, em razão da pandemia que ainda se mostra em expansão, óbvio, que os danos até então manifestos não atingem apenas no financeiro dessas empresas, mas seus espectadores. E por mais reservas e protocolos que existam, conforme tem se apregoado, o risco ainda é grande, a partir dos aglomerados que têm sido inevitáveis.
Recentemente, com desdém, assisti a uma entrevista onde se afirmava que, “Só a venda de ingressos com o comércio da bomboniere e publicidade, corresponde ao total de 30 milhões de prejuízo. E que por ser a Paraíba uma região rica culturalmente (a não inclusão de salas), está causando a extinção do hábito coletivo de cultura” (Sic).
Não vejo dessa forma, o que se afirma de “extinção do hábito de cultura”. Há muito tempo que o verdadeiro hábito de se ir ao cinema foi solapado. Hoje se vai ao shopping; não ao cinema. Infelizmente, falta-nos uma coisa que o cinema exigia: o ritual. Sim, o verdadeiro e lúdico ritual de se ir a uma sala de projeção para se assistir a uma película. Uma preparação sensorial ao cinema já iniciada mesmo antes de adentrarmos ao mundo mágico de luz e sombras.
Quanto à pandemia, se existe ou não o cumprimento de protocolos de saúde pelas empresas exibidoras, esse é um assunto que não nos diz respeito diretamente. E, quanto a afirmação do entrevistado de que, “na Europa não houve registro de doença no público das salas de cinema”, bom é se rever o momento atual, lá mesmo em países europeus. Acreditou-se já estarem fora da pandemia, mas tiveram de rever tudo que é protocolo; porque tudo voltou. Verdade seja de que, se é grave a questão empresarial e financeira, então que se abram as salas e deixe o seu “gado” adentrar. O que vale nos dias atuais é a pecúnia mesmo… Contudo, vai aqui uma sugestão ao empresariado das salas de shoppings: Por que não sanar seus problemas de finanças vendendo só cisticercos (pipocas) e “refri” (refrigerantes), já que são, como dizem, produtos também da atual cultura cinematográfica?(Sic)
Linduarte Noronha no rádio e cinema
O cineasta Linduarte Noronha – primeiro ocupante da Cadeira 01 da Academia Paraibana de Cinema (Patrono: Nicola Maria Parente) – teve sua origem no rádio paraibano. Esta afirmação está no novo livro do historiador José Octávio de Arruda Mello, cujo título é “A Arapuan e o Rádio Paraibano – Uma biografia Dual”.
Focado, principalmente, na trajetória do radialista Otinaldo Lourenço, o livro registra participação de Otinaldo no programa “Sala de Espetáculos”, diário da Rádio Arapuan “e Linduarte Noronha que, desde 1944, militava na radiofonia paraibana.” “A Arapuan e o Rádio Paraibano” será lançado no próximo sábado, às 9:00hs da manhã, na API. O autor registrou um convite extensivo aos membros da Academia de Cinema, que vai aqui registrado.