Uma primavera jamais esquecida

Severino alexandre, pioneiro do cinema paraibano.
Foto: Severino Alexandre, pioneiro do cinema paraibano.

Setembro 17 de 1914. Data que marca o iniciar de toda uma geração dos Alexandre; consequentemente, do CINEMA.

Meu pai, Severino Alexandre dos Santos foi um batalhador, sempre. Pioneiro de nossas vidas, artesão do Cinema e agente inspirador de muitas gerações. Memorável em nossos sonhos, personagem dos “ecrãs” de luz e sombras, que tanto esmerou-se em construir, hoje reconhecido e eternizado pela Academia Paraibana de Cinema.                          

Todo 17 de setembro é uma data emocionalmente representativa para mim. Ainda mais, quando nela celebramos um centenário de nascimento de um dos pioneiros do cinema paraibano.

Patrono da Cadeira 05 da Academia Paraibana de Cinema, na qual, hoje, tenho acento, honrosamente, segui o meu pai em toda sua vida dedicada aos meandros da cinematografia. Não terá sido atoa que, aos treze anos de idade ele já empunhava a manivela de uma câmera projetora, em sessões de um cinema que ainda não tinha aprendido a “falar”, se mostrando como gente grande.

Natural da região do brejo paraibano, oriundo da família Gonçalves de Alagoa Grande, na Paraíba, “Seu” Severino do Cinema (assim conhecido desde cedo na cidade de Santa Rita, onde se casou, construiu sua família e viveu sempre) acompanhou de perto a evolução do cinema, construindo suas próprias salas de projeção. Inclusive, usando do seu próprio conhecimento artesanal, na construção das “lanternas mágicas” (à carvão), que iluminavam as sessões de seus cinemas.

Recentemente, a Academia Paraibana de Cinema rendeu-lhe tributo, publicando pioneiramente um livro, ressaltando passagens de sua vida e de suas experiências como exibidor não apenas em Santa Rita, mas também no distrito de Várzea Nova, onde construiu uma sala de projeção, e cidades como Mari, Pilar e Bayeux.  

As relações comerciais de meu pai, mediadas sempre por mim, com os empresários Luciano Wanderlei (Cia. Exibidora do Cine Municipal), com os Senhores Lemos e Valdemar, ambos da Cia. Cinemas Reunidos (Plaza), entre outros do setor, seus concorrentes, sempre foram do melhor quilate. Deles, inclusive, tivemos apoio à programação dos nossos cinemas, sem restrição de mercado. Não terá sido em vão a marca de “Seu” Alexandre na trajetória da nossa Sétima Arte, na Paraíba. Que os écrans dos nossos ruidosos projetores do passado, meu pai, e todo seu feito deva ser imortalizados na eterna guarda da nossa tão querida Academia Paraibana de Cinema.


O documentário de Linduarte Noronha, “Aruanda”, foi lembrado na quinta-feira passada (18), com a participação dos professores Dinarte Varela, João de Lima Gomes, Emília Barreto, da UFPB, e colaboração de Josefa Cavalcanti da PPGS/UFPE. O evento, aberto às 10hs, teve a presença de estudantes, técnicos e docentes da UFPB.

Representando a Academia Paraibana de Cinema, o professor João de Lima fez a palestra “Novos olhares: Um mesmo pioneirismo TV & cinema”. Depois foi exibido o documentário “Cineasta da Terra” de Manfredo Caldas, quando houve um debate de encerramento.