
A história tem mostrado que as novas tecnologias vieram para facilitar a vida das pessoas. Dando-lhes mais conforto na busca de prazeres, como no caso do cinema, dentre as demais formas de diversão. Esse é um fato inegável. Contudo, a mesma tecnologia tem servido, de certa forma, para embargar a originalidade das nossas tradições culturais.
Referindo-me especialmente ao “cinema de rua”, hoje não mais em uso – um dos bons legados para mim deixado pelo meu pai, exibidor pioneiro do cinema paraibano –, vejo que a tradição da move-art foi lesada em seus reais princípios. Raros são os casos em que possamos encontrar, ainda instaladas e funcionando, as tradicionais salas de projeção fílmica de bairros. Fato esse evidenciado pela anunciada modernização do cinema em salas de shoppings.
Essa questão da tradição versus modernidade, me lembra a declaração de um insigne filósofo francês, desprovida de “reverência histórica”, e que fiz questão de analisar em “A Paraíba e o Cinema” (Parte VIII), capítulo do livro “A Revolução de 30 nos municípios da Paraíba”, lançado recentemente pela dupla de historiadores José Octávio de Arruda Mello e Francelino Soares.
De forma intrigante, o filósofo francês Lucien Febvre afirma: “Se queres fazer história, vire resolutamente as costas ao passado e viva a vida. Viva-a plenamente”. Indagaria, então, ao sábio filósofo: Como fazer história negando o passado? Seria mesmo possível mensurar o presente sem um referencial comparativo a esse mesmo presente? De que forma indicar a esse presente um grau de importância no contexto histórico? Porquanto se entender o fato acontecido, unicamente, como “algo do passado”, mas e valor histórico?
Daí o nosso interesse em analisar e discutir algumas questões que não são necessariamente historiográficas, mas do cinema e seu próprio cotidiano, que implicariam também numa passagem pelos meandros/fatos/conquistas, que tem marcado a nossa história. Tendo no homem e no artista, no cinema e na televisão – e nos demais segmentos culturais correlatos – aquela base de sustentação reflexiva e de argumentação. Fato semelhante de valorização histórica vem acontecendo em razão do manifesto junto à sociedade para que o Cine Teatro Excelsior seja restaurado e reaberto na cidade de Bananeiras. Inaugurado em 1949, fechou suas portas em 1986. Período em que assisti de perto o fechamento de duas salas de cinema de meu pai, “Seu” Alexandre, na cidade de Santa Rita. Que esse manifesto de Bananeiras tenha sucesso, para que o “cinema de rua” possa resistir em razão do seu passado.
APC: Prazo de inscrição termina final do mês
A Academia Paraibana de Cinema (APC) continua recebendo inscrições para preenchimento das cadeiras vagas deixadas pelos cineastas paraibanos Vladimir Carvalho e Carlos Aranha. As inscrições devem ser feitas (somente) no seguinte endereço: Academia Paraibana de Cinema, Avenida N. Senhora dos Navegantes, em Tambaú, próximo à Esquina 200.
Documentação a ser apresentada no ato da inscrição: Comprovante de que é paraibano nato, ou que mora na Paraíba há mais de cinco anos. Também, currículo apresentando participação em atividades audiovisuais e no cinema, tudo em envelope lacrado. As inscrições não serão prorrogadas.