Sob a alça de mira de um regime

Ex juiz reginaldo antônio de oliveira
Foto: Ex-Juiz Reginaldo Antônio de Oliveira.

Com uma afirmação feita algum tempo atrás, evocando a participação de um dos personagens importantes da história municipal de Santa Rita (ex-prefeito Marcus Odilon Ribeiro Coutinho), o amigo historiador José Octávio de Arruda Mello me remeteu aos tempos de minha juventude e de estudante ginasiano do Grupo Escolar João Úrsulo na Cidade dos Canaviais.

José Octávio afirmou: “…da boa formação que tinha Odilon, que ‘bebeu da fonte’ do escritor francês Jean Bordeaux, que veio à Paraíba estudar nossa política. Além de tudo, os escritos de José Américo que Marcos se inspirou para escrever o ‘Poder, Alegria dos Homens”.

Baseado nesse registro de época, se não me falha a memória, e noutro artigo mais recente do historiador, falando de Santa Rita sobre um passado “integralista”, como de outras questões políticas da década de cinquenta, me vieram à mente os momentos que vivi juntamente com os primos Reginaldo Oliveira e Carlos Alberto. Eu formava um seleto grupo de amigos e jovens idealistas, todos estudantes, que participavam semanalmente das reuniões do nosso Grêmio de Estudos Socioculturais (GRESC), quando comentávamos os filmes em cartaz no cinema de meu pai. Sempre às escondidas, em razão das inesperadas visitas de “olheiros dedurões” do atual regime militar.

Sob a alça de mira do regime, a sociedade houve de amargar momentos terríveis. As restrições não apenas se limitariam ao momento de então, mas sobretudo à cultura e à diversão, que passam a ser perseguidas de forma implacável. A censura se instalara no País, cerceando as liberdades e os fazeres criativos da população. O novo regime caiu como uma bomba em cima do cinema.

Nos encontros do GRESC, inicialmente realizados no âmbito da Casa Paroquial, não mais sob orientação do padre Rafael de Barros Moreira, mas de dois padres estrangeiros vindos da Bélgica, traçavam-se os perfis da situação repressiva ora vivida por todos. Depois, esses encontros passaram a acontecer na Associação Vicentina de Santa Rita, na Rua Ivo Borges, perto do no nosso cinema São João. Um seleto grupo era formado por Miguel e Rui, pelo seu primo Carlito e a namorada dele, Maria Helena, além de mais cinco ou seis jovens entusiastas, todos estudantes que participavam semanalmente das reuniões da associação. Até que um dia fomos descobertos. Alguns colegas mais influentes do movimento estudantil local foram identificados, passando a responder junto ao Comando do 15 RI, no Quartel do Exército do bairro de Cruz das Armas, na Capital. Dentre eles, o meu primo Reginaldo, conhecido professor de Matemática e também estudante, anos depois juiz de Direito das Comarcas de Brejo do Cruz, Pocinhos e Itabaiana. Nessa comarca quase morre ao sofrer um atentado político, segundo relato do próprio juiz Reginaldo em um de seus livros – “O atentado ao Juiz de Itabaiana”. Fato ocorrido sob inspiração de simpatizantes do latifúndio da região.


A Academia Paraibana de Cinema, reunida na quarta-feira passada, em sua nova sede de Tambaú, sob o comando do prof. João de Lima Gomes, presidente da institucional, deu prosseguimento ao pleito para a cadeira vaga, que era ocupada pelo jornalista falecido Carlos Aranha. 

O nome do novo membro da APC, conforme prevê os estatutos da entidade, acaba de ser anunciado: o jornalista e crítico de cinema André Cananéia. Ele deverá se apresentar para tomar posse na Cadeira 37, proximamente.