A ditadura que resistimos com nossos cinemas

Cine Sao Joao Uma De Nossas Salas Em Santa Rita
Foto: Cine São João, uma de nossas salas, em Santa Rita.

O ano de 1964 é marcado na história do Brasil como o “ano do golpe militar.” Durante um período de 20 anos, a terra em que “Severino do cinema” morava foi coberta por um manto de censura e repressão. Em consequência disso, a maioria de nossas exibições tinha que passar pelo crivo da censura. Situação que vivi juntamente com meu pai, à época, proprietário de duas salas – Cine São João, em Santa Rita, e Cinerama no distrito Várzea Nova.

No entanto, a relação do que se preconizava como sendo “os anos de chumbo” jamais abateu o ânimo de meu pai. Pois, ele nunca demonstrou nenhum partidarismo em relação ao regime, embora tivesse suas admirações à política institucional séria. Ele nunca participou de movimento político-partidário, jamais. Era uma pessoa apartidária, tinha admiração por pessoas, pelo bom administrador. Não era de agregar modismos políticos. Sempre foi bem-visto e influente na cidade de Santa Rita. Ganhou o respeito por ser um homem empreendedor e da família.

Visto a influência e o respeito que tinha, diversos políticos o procuravam com propostas de fins partidários, e ele sempre as recusava. Acima de tudo, respeitava a liberdade individual de cada um. Foi assim que sempre vi o meu pai. Não foram poucos os políticos a lhe fazer propostas, mas ele sempre as recusava. Seu voto nas eleições municipais era certo, jamais por influência, porque achava que cada um tem sua simpatia política. Também, jamais disse em quem deveríamos votar nas eleições, respeitando e deixando à sua família o livre arbítrio de escolha.

Quanto ao regime político vigente naquela época, por ter uma atividade de cinema fora do estado, meu pai sentiu muitas vezes o impacto e a tortura de então, ao ser parado na fronteira por militares durante suas viagens a Recife, onde ia contratar e trazer seis filmes para exibição em suas salas. E isso acabou causando sustos em nossa família, devido à repressão política e o “sumiço” de pessoas ter sido coisa comum e frequente naquela época. Um medo que acabara por se instalar em todos nós, sobretudo em minha mãe, devido às viagens semanais de meu pai à capital pernambucana, e sua volta pra casa. Muitas das vezes, ficávamos nós à frente das sessões noturnas, ansiosos, esperando meu pai, que só chegava de Recife perto de meia-noite. Fato é que, quando se chegava em Goiana, fronteira a Paraíba, era tudo bloqueado pelo exército para uma séria vistoria pelos militares. “Época triste!”, dizia o meu pai.


A presidência da Academia Paraibana de Cinema informa que, a data da eleição do novo integrante da APC, entre os quatro candidatos inscritos para Cadeira 02, será na primeira quarta-feira de maio. O adiamento da eleição se deu em razão da decretação de ponto facultativo na Unidade Tambaú da FCJA.

O prof. João de Lima, presidente da APC, recebeu convite do Secretário de Educação e Cultura da cidade de Sapé para a abertura da “Semana Augusto dos Anjos”, que acontece em memorial do mesmo nome. O evento será aberto às 13h da próxima terça-feira, quando será abertura a mostra audiovisual de autores locais.