Há quem se questione pelo fato de não ser um artista, de não ter uma inclinação séria para com as artes como música, teatro, cinema… Entretanto, mesmo “in dubio”, existirá alguém que consegue, sim, enveredar por outros segmentos, como literatura, abraçando os dogmas mais representativos da existência humana. O exemplo estaria na Economia e seus níveis estatísticos, logísticos e de marketing, mas sem deixar passar em brancas nuvens antigos enleios artísticos, justamente quando de sua adolescência.
Por oportuno, gostaria de relembrar aqui a expressão de um respeitável paraibano e cidadão do mundo, reconhecido “expert” naquilo que fez e soube fazer muito bem em sua área de ciências durante longa atuação: “O talento está em saber se orientar entre essas possibilidades tão variadas.”
Nesse 20 de novembro faz quarenta anos que ele enlutou a Paraíba e o Brasil. Celso Monteiro Furtado, paraibano nascido na cidade de Pombal, no interior da Paraíba, participou de forma muito ativa da moderna história brasileira, atuando de forma incisiva nos setores de planejamento, economia e cultura. Entre os livros clássicos que Celso escreveu destaca-se “Formação Econômica do Brasil”. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, também patrono da Academia Paraibana de Cinema (APC), ocupando a Cadeira 20 da instituição, tendo como atual sucessor o jornalista José Nêumanne Pinto.
Mesmo com inclinações futuras para a Economia, quando ainda jovem Celso Furtado teve contato direto com o meio cinematográfico no Rio de Janeiro, também na Europa, principalmente na França. Ao tempo em que era professor da Sorbonne, em Paris, firmou parceria com um dos ícones da crítica cinematográfica, Paulo Emílio Sales, criando uma relação entre ambos a partir dos encontros que faziam no Museu do Homem, na capital francesa. Esse fato talvez justifique a relação entre Paulo Emílio e Celso Furtado, que teve toda sua formação inicial pautada na literatura e na política, inclusive estudando e se formando em Paris, quando se encontrava com Paulo Emílio, que lhe aconselhava a aproveitar as oportunidades. Patrono da Academia Paraibana de Cinema, Celso Furtado foi retratado pela cineasta paraibana Vânia Perazzo (igualmente integrante da APC) em seu documentário Celso depois do milagre, tema extraído do livro “O Longo Amanhecer”. A realizadora iniciou no cinema, ainda na década de oitenta, durante o Festival de Arte de Areia. Vânia fez estágio na Associação Varan de Paris, Doutorado e Pós-doutorado em Cinema Documental.
APC: NOTA DE FALECIMENTO
A cinematografia paraibana está de luto pelo falecimento do jornalista, crítico de música e compositor Carlos Aranha. Durante anos ele publicou no jornal “Correio da Paraíba” a coluna “Essas Coisas”, que era uma das mais prestigiadas da imprensa escrita de João Pessoa. Teve destacada participação na música dos anos sessenta com “Ivone pelo telefone”, que fez sucesso no Festival de Música Popular realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa. Adepto do Tropicalismo, Carlos Aranha teve papel marcante na implantação do Cinema de Arte em João Pessoa e foi membro da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba. Nessa época realizou o curta “Libertação”. Ele ocupava a Cadeira 37 da Academia Paraibana de Cinema, cujo patrono é o crítico paraibano Geraldo Carvalho. A APC se solidariza com os familiares de Carlos Aranha.