Tempos juninos de um garoto de cinema

Personagem Toto Em Cinema Paradiso Entre O Sonhs E A Realidade
Foto: Personagem Totó, em Cinema Paradiso, entre o sonho e a realidade.

Como se fosse um verdadeiro écran de cinema, não tardava muito para que aquele garoto, de apenas 12 anos de idade, continuasse assistindo à sua e indelével cenografia junina.

Os templos cíclicos mais bem lembrados, sempre muito mágicos para aquele “menino de cinema”, foram as noites juninas na sua cidade de Santa Rita, justamente nas épocas de São João e São Pedro. Ele costumava vivê-las com tudo que tinha direito: a frente de casa enfeitada com galhos de bambu extraído do Rio Preto, logo ali perto, fogueira, bandeirolas de papel colorido, lanternas à luz de vela, fogos diversos e muita comida de milho verde. Iguaria que somente sua mãe, Dona Maria José, sabia fazer.

Mas, tinha um problema. Nunca era fácil compatibilizar essas noites de brincadeiras com seus irmãos menores e colegas próximos, deixando de lado suas obrigações com os cinemas de Seu Severino. Logo após o jantar, seu pai ia logo dizendo:

Olha, rapazinho, cuidado pra não se atrasar!

Esse chamado ao filho, mesmo com todo entusiasmo vivido pelo garoto naquela noite, cheirando a lenha queimada e alegre foguetório na frente de casa, era uma ordem. Ele ia correndo para o cinema, cuja sessão tinha início sempre às vinte horas. Normalmente, com um dos clássicos de Hollywood.

Sempre foi assim. Enquanto seus irmãos mais novos continuavam na brincadeira com os traques, rojões e chuveiros de lágrimas incandescentes, acendidos com tochas da fogueira crepitante, o “menino de cinema” seguia para o seu outro “Paradiso”. Não menos, carregando ainda consigo os acordes de uma “Açucena Cheirosa”, de um “Buraco de Tatu”, melodias de época executadas pelo inesquecível Luiz Gonzaga e sua sanfona prateada.

Invariavelmente, ano após ano, tudo se repetia. As noites juninas de sua infância, durante a adolescência, sempre deram lugar às responsabilidades com uma atividade cinematográfica, herança cultural que o tem influenciado tanto. Quiçá, por isso, seu apego às coisas da Imagem e do Cinema. Firmando a conclusão de que, a vida normal nada mais é que o acumulado de fatos a se repetirem semelhantes aos de outras vidas. Isso lembrando um filme realmente simbólico, em quaisquer épocas da move art, título “Cinema Paradiso”, do diretor italiano Giuseppe Tornatore. A história de um garoto envolto nas fantasias de cinema, de nome Totó, que não apenas costumava espreitar as sessões de filmes através das cortinas, mas fazia das projeções não apenas simples lazer, mas um trabalho, uma obrigação, tanto quanto a história real do “garoto de cinema”, autor desta coluna de domingo.


Acertos estão sendo mantidos entre a Academia Paraibana de Cinema e União Brasileira dos Escritores, para uma homenagem póstuma, no próximo dia 18 de setembro, ao fundador e ex-presidente da Academia Paraibana de Cinema, Wills Leal. A programação e horário serão divulgados oportunamente.
O evento terá lugar no Cine Mirabeau, no bairro do Bessa, nesta Capital, com exibição de filmes e debate sobre Wills Leal, na cultura paraibana, com ênfase no audiovisual. Além da UBE, o NUDOC-UFPB e a Fundação Casa de José Américo, devem fazer parte os pesquisadores do curso de cinema e audiovisual da UFPB, vinculados às disciplinas de história do cinema brasileiro e história do cinema paraibano.