Pelas trilhas do Cariri paraibano

Ator Ricardo Moreira No Curta A Ninhada
Foto: Ator Ricardo Moreira no curta A Ninhada.

Considerado um professor bastante experiente naquilo que professava, criativo e conversador, ele sempre foi visto como uma pessoa amistosa. Em bate-papo comigo, no mesão da ADUFPB, também em sala de aula, seu tema preferido era a Cultura Popular. Seu nome, Nivalson Miranda, parceiro de saudosa memória. E isso me faz lembrar de um outro amigo e professor da mesma instituição, o folclorólogo José Nilton da Silva, também “cinemista” e bastante ativo nos dias atuais.   

Pois bem, no final desta semana, uma década se passou que, depois de vários contatos e acertos, uma equipe de professores e técnicos da UFPB deslocou-se à região do Cariri paraibano, onde foram gravadas as cenas de mais um curta-metragem nosso, sob o título de A Ninhada. Um misto de ficção e documentário baseado no conto homônimo de Nivalson Miranda. Durante quatro dias, peregrinando por entre veredas espinhentas, livrando os répteis e muitos desafios, o grupo se desdobrou para conseguir as melhores imagens, na busca do que seria mais um trabalho de conotação não só acadêmica.

Distante sete quilômetros do centro da cidade de Serra Branca, subindo e descendo rochas, a equipe formada por dois alunos meus de Mídias Digitais, Marcelo Quixaba e Joelma Cavalcanti, e do ator Ricardo Moreira, além dos professores Nivalson e José Nilton, conseguiu registrar personagens que se moviam sorrateiras como os próprios répteis ali existentes, entreolhando-se numa comunicação muda e estranha. E em frente à velha casa de tijolos sem reboco, cercada de uma vegetação seca, numa tarde ensolarada, como tantas outras, eles assuntam o tempo – Seu Biu, Donana e o filho Zeca.  

O olhar assustado, porém, interrogante da criança de ares brejeiros, terá sido o ponto de largada para uma nova estória a ser contada através do nosso audiovisual. Sobre a tal narrativa, diria o próprio autor, professor Nivalson Miranda: “Tratar-se de uma saga de vida, que simboliza não só um simples gesto infantil, mas, notadamente, o que seu “olhar” pode significar de alerta, reprovação e de denúncia, ao medo e à submissão em que ele vive com os pais, ainda, sob o jugo de um coronelato e dono das terras”. A Cenografia do lugar, um sem fim povoado de algarobas, facheiros e rochas, ainda não refletia tanto, naquele nosso momento de intenso labor, as preocupações sobre o tema, que pretendíamos abordar, mas, já nos dava uma idéia ao que se propunha o autor da estória. Seus personagens, “secos” como o próprio lugar, jamais se apercebem da sua singular importância, porquanto a rotina lhes tira a verdadeira noção do perigo ambiental, sobretudo, de um tempo a ser alcançado em suas existências.


A Academia Paraibana de Cinema e Aliança Francesa de João Pessoa, visando promover o cinema do Brasil e da França, acabam de celebrar uma parceria para exibições periódicas de filmes realizados pelos dois países. Trata-se de um acordo de cooperação institucional, entre a APC e Aliança Francesa, com sessões gratuitas na própria AF, no bairro de Cabo Branco, em João Pessoa.

A primeira sessão será na próxima quarta-feira (19), às 18hs, com a presença da presidente Fátima Rocha, da Aliança Francesa, e do prof. João de Lima, presidente da APC, que exibirá o seu curta-metragem “Carta a Pedro”, sobre um protesto em Paris, em 1984, relacionado à questão migratória naquele país. Na oportunidade, serão exibidos dois curtas-metragens africanos.