“Oppenheimer” confirmou o óbvio em aceitação

Cillian Murphy Melhor Ator Em Oppenheimer
Foto: Cillian Murphy, Melhor Ator em “Oppenheimer”.

Com tantas guerras pelo mundo, tragédias não apenas no Oriente Médio, como a de Gaza, também nos países Ucrânia e Rússia, nada estranho para um cinema ter de oportunizar tais episódios ao “consumo”. Cultuando, inclusive, seus famigerados “heróis”, revendo épocas como a da Segunda Grande Guerra e suas trágicas consequências. Quem jamais esqueceu o holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasaki?

Sobre os conflitos e guerras aqui citados, grandes obras estiveram no páreo, concorrendo à estatueta de melhor longa ao Oscar deste ano. Além de Zona de Interesse, filme sobre o qual comentamos semana antes (que ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional), dentre os dez melhores indicados, as apostas sempre foram mais para Assassinos da Lua das Flores, Anatomia de Uma Queda e o mais conceituado, Oppenheimer, com direção de Christopher Nolan. E, sobre este, não deu outra!

No domingo passado, com a celebração de Melhor Filme do Oscar 2024 para Oppenheimer, glorificando o criador e seu tenebroso invento (a Bomba Atômica), só nos restaria recorrer àquela máxima de Nelson Rodrigues: “o óbvio ululante”.  Fato que bem confirma um cinema voltado, sobretudo, para a indústria da pirotecnia eletrônica, que, propriamente, para a sua essência inicial: Uma arte destinada mais ao lazer, à diversão.

Com a quantidade maior de fichas apostando em Oppenheimer, somado ao “holocausto” que vimos testemunhamos, todos os dias através da mídia, o resultado do Oscar deste ano não poderia ser diferente. E além das muitas esquisitices, que acompanhamos na Internet, a festa do Oscar deste ano veio com muito mais surpresas. Até um cão engalanado (também ator?) e homem pelado no palco, ao que se viu, desfilaram no tapete vermelho outros fetiches para espanto de uma ululante plateia. Coisas de Hollywood…

Mas, a estrela da noite foi mesmo o diretor Christopher Nolan, que levou inclusive a estatueta de Melhor Direção por Oppenheimer. O filme resgata a vida do físico e teórico americano Julius Robert Oppenheimer, participante do Projeto Manhattan, ensaio bastante polêmico na época, quando pesquisou e desenvolveu as primeiras armas nucleares. O objetivo final era bombardear Hiroshima e Nagasaki. E foi o que aconteceu, numa demonstração do poderio nuclear americano, lá pelos meados dos anos 40, uma espécie aviso claro dos EUA ao Japão. Através do Oscar-2024, diante de todo esse caos mundial que hoje existe, Oppenheimer não poderia ser, digamos…, mais uma vez um “recado” do Tio Sam à Israel de Netanyahu?


A Academia Paraibana de Cinema estará apoiando, a partir da próxima terça-feira (19), o Centro de Comunicação, Turismo e Artes da Universidade Federal da Paraíba, na abertura de sua décima terceira Mostra de Cinema e Direitos Humanos, que acontecerá em João Pessoa, até sábado.

O evento, que terá a organização local do prof. Carlos Dowling, contará com a colaboração do também professor Fernando Trevas, ambos membros da Academia Paraibana de Cinema. A exibição dos filmes da mostra, assim como as oficinas acontecerão no Cine Aruanda, no bloco do CCTA da UFPB, com entrada franca.