El Conde: Alegoria nebulosa sobre Pinochet

Foto: Ator chileno Jaime Vadell é Pinochet, em “El Conde”.

Acabo de assistir a um filme realmente curioso, diria alegórico, baseado na biografia de Augusto Pinochet, do Chile. Do ponto de vista temático, El Conde recorre a uma suposta e fantasiosa concepção ao abordar a história do ex-presidente chileno, como o cruel político responsável pelo extermínio dos revolucionários contrários ao seu governo. 

Escolhido como melhor roteiro no último Festival de Veneza, El Conde é diferente de outros filmes que tratam de temas idênticos, justamente pela concepção “vampiresca” dada à vida do ex-ditador. Recurso de linguagem que nos deixa chocados, exatamente quando fala da figura que foi considerada a “sugadora de sangue humano”. Metáfora essa curiosa, do ponto de vista das chacinas provocadas pelo ex-presidente chileno, fatos considerados notórios pelo próprio diretor do filme, Pablo Larrain: “Pinochet nunca enfrentou a Justiça e essa impunidade o fez eterno, o transformou em um vampiro”.

El Conde teve sua estreia aqui entre nós agora em setembro, inclusive na rede social, para celebrar a data dos cinquenta anos do golpe ao governo de Salvador Allende (1973), liderado por Pinochet, à época um oficial das Forças Armadas do Chile.    

Mesmo sendo considerado um dos possíveis indicados ao Oscar de 2024 de Melhor Filme Internacional, El Conde não foi escolhido, para decepção de sua produção. O conselho de cinema chileno indicou como representante um outro filme, The Settlers, de Felipe Gálvez Haberle.

Filmado em preto&branco, El Conde nos lembra, em alguns momentos de sua cenografia, um dos clássicos do diretor sueco Ingmar Bergman, O Sétimo Selo. Sobretudo nas cenas externas da propriedade onde reside a família Pinochet, quando uma religiosa francesa, supostamente exorcista de um convento, designada profissional especializada em serviços contábeis e financeiros, chega à casa dos Pinochet para examinar o patrimônio e dividi-lo com os familiares do ex-presidente do Chile.

Diria que é um filme insólito, até irreverente e chocante, notadamente nas cenas em que Pinochet, ao triturar no liquidificador um coração humano, bebe-o aumentando-lhe as presas como a de um vampiro sedento de sangue. Tal concepção para nós estranha, para o diretor do filme Pablo Larrain, nada mais é que uma “sátira deliciosa”. A estranheza com que é tratada a história de um dos períodos relevantes e mais cruéis da política do Chile, até nos causa espécie. Contudo, que viva a liberdade de expressão artística, sobretudo no cinema!


APC reúne Conselho próxima semana

Uma Comissão Especial formada pelo Conselho Fiscal e demais membros de diretoria da Academia Paraibana de Cinema, presidida pela atriz Zezita Matos, com base no Art. 20, Parágrafo Segundo do Regimento da Entidade, se reunirá na próxima semana. Objetivo da reunião é a apreciação de chapas inscritas que concorrem à eleição da nova Diretoria da APC, para o mandato no triênio 2024-2026.  

A reunião será na sede da Academia de Cinema, na Fundação Casa de José Américo, Av. Cabo Branco, 3336, 58.045-270, João Pessoa-PB. As indicações inscritas serão publicadas pelas mídias eletrônica e imprensa, à informação dos associados, para devida votação, que deverá ser on line,ou presencial na sede da APC, até dia 31 de dezembro de 2023, como prevê o Art. 16, Inciso 1 do Estatuto da APC.