Um dos filmes sobre a Sétima Arte, que faz “reviver” o meu período de infância, também de adolescente, é Cinema Paradiso. Uma obra singular, dirigida pelo cineasta italiano Giuseppe Tornatore, realizador premiado por vários outros filmes de idêntica proposta. Qual seja, a de “rebobinar” os feitos da movi art, dando-lhe uma feição memorialista e interessante. Sempre, com foco nas tradições sociais e culturais.
O filme é a história de um cinema na pequena cidade italiana da Sicília, de um dedicado projecionista, Alfredo (Philippe Noiret), e de um garoto, Totó (Salvatore Cascio), ambos vivendo o sortilégio de suas projeções de filmes, num verdadeiro paraíso. Mesmo com a então chegada da televisão no lugar, o encanto de Totó e Alfredo não muda pelo cinema. E quando adulto, agora influente cineasta, Totó (Jacques Perrin), residindo em outra cidade, recebe a informação de que seu amigo projecionista Alfredo havia falecido. O final é sintomático à proposta do filme, com o agora cineasta Totó numa sala de cinema revendo as imagens de sua infância. Uma obra que traduz muito bem o enlevo de muitos, como eu, ao “rebobinar” as coisas do Cinema.
A propósito, minha sobrinha Iasmin Soares, com trabalhos audiovisuais, inclusive premiados e atuando em festivais fora do Brasil, esta semana me contactou pelo sApp e fez referências à Retratos Fantasmas, a realização de Kleber Mendonça, que ela assistiu recentemente: “Tio, eu me emocionei bastante. Só lembrava de vovô Biu”. Aqui, ela se refere ao “vovô Biu” o meu pai, Severino Alexandre Santos – “Seu Severino do cinema”, como era conhecido em Santa Rita e em toda a cinematografia paraibana; até fora do estado. Um dos pioneiros do nosso cinema, sobre quem já escrevi muitas vezes nessas dominicais de A União.
A rigor, tais reminiscências sobre uma vida cinematográfica, não só em Retratos Fantasmas, mais ainda, em Cinema Paradiso, fazem parte da vida dos Alexandre – já em sua quarta geração. Uma saga que vai completar cem anos, iniciada na década de 1930, pelo “Seu Biu”, que partiu havia duas décadas, nos deixando aos 91 anos de idade. Seu feito até hoje bem guardado, existe à admiração da família, de amigos e de toda uma geração de “cinemistas” com quem conviveu ao longo dos anos. Retratos de toda uma existência de cinema, um deles, coincidentemente, hoje “teto” de meu casal de filhos, Alexandre e Alexandra, consortes e netos, em condomínio de nome “Cine Paradiso”, localidade deveras privilegiada, no Bairro do Bessa, nesta Capital.
APC: Inscrições só até 31 deste mês
Academia Paraibana de Cinema continua com suas inscrições abertas, até o final deste mês de outubro, aos candidatos que desejem participar das eleições de Presidente, Vice e demais encargos de diretoria da instituição.
A inscrição da chapa deve ser feita através de envelope lacrado, com os nomes de todos os pretendentes à diretoria, e endereçada à sede da APC, na Fundação Casa de José Américo, em João Pessoa, no prazo estabelecido pelas normas do edital, que foi publicado neste espaço, também pelo WhatsApp e Facebook (https://www.facebook.com/groups/AcademiaParaibanadeCinema).