“Découpage”: peça essencial em cinema

Foto: Margrethe II, rainha da Dinamarca, cenografista do filme “Ehrengard”, na Netflix.

Sempre tive admiração por imagens. Atrativo que não é de hoje. Quando as aprecio, vejo-as com os olhos de encantamento. Isso, desde os tempos em que convivi com os écrans luminosos das salas de projeção dos cinemas de meu pai. E não sem razão, ainda hoje, as minhas experiências resultam dos tempos de adolescente, com os desenhos e pinturas à óleo, copiando rostos e paisagens sobre telas. Obras marcantes para mim e que ainda existem com alguns de meus familiares mais próximos.

Nos tempos atuais, mesmo fora das salas de aulas, quando exercitei com meus alunos algumas découpages, visando tarefas audiovisuais, busco ver a seriedade e a definição de cada imagem. Mesmo hoje, ao idealizar realizações na área das imagens em movimento, tenho na parceria de amigos o mesmo entusiasmo por cenografias perfeitas. Assim foi em Antomarchi, também com Américo – Falcão Peregrino. Na época das suas produções, busquei na antiga Capital Parahyba, um dos mais cenográficos visuais para contar a história do vate de Lucena – Américo Augusto de Souza Falcão, hoje, imortalizado pela Academia Paraibana de Letras.

Certo é que, a boa imagem é tudo! E “decupá-la”, à realização audiovisual, é como se estivéssemos reunindo figurinhas. Experiência que trago desde a infância, na portaria dos cinemas com outras crianças. Quem jamais esquece das revistas em quadrinhos, com figurinhas colantes de super-heróis?

Pois bem. O luxuoso Ehrengard: A Ninfa do Lago, que assisti esta semana pelo streaming, novamente me faz admitir a importância da “decupagem” de imagens no cinema. Filme atualmente lançado pela Netflix, do dinamarquês Bille August, o mesmo diretor premiado 1987 com o Globo de Ouro e o Oscar, pela discutida obra Pelle, o Conquistador.

O filme Ehrengard: A Ninfa do Lago, inspirado no romance homônimo da baronesa dinamarquesa Karen Blixen (1885-1962) valoriza, como poucos, as imagens, trazendo uma cenografia encantadora e elenco de artistas suecos. E, como se não bastasse a distinção de origem da escritora, a obra permite, ainda, a singularidade dessa “nobreza”, particularizada pelo especial trabalho de découpage. Esse, protagonizado pela Rainha Margrethe II, da Dinamarca, que mesmo no trono desde 1972, ainda hoje continua trabalhando com artes. Seu trabalho de pré-produção (decupagem) no filme de Bille August, pode-se dizer, é imperioso. Tudo bem! Como cinema, pode até se dizer que, Ehrengard: A Ninfa do Lago, tem uma estória trivial. Mas, o que coloco em questão como singular, é a participação de duas nobres dinamarquesas na produção de um filme: A autora, que já citei acima, e a Rainha Margrethe II, cujo trabalho cenográfico poderá ser visto nas “cenas de bastidores” (making off), que acompanha o filme. Algo que deve ser imperativo, para quem gosta realmente da movie art.


APC-EDITAL 10/23

O Conselho Diretor da Academia Paraibana de Cinema, presidido pela atriz Zezita Matos, baseado no artigo 16º e parágrafos do Estatuto da Entidade, informa estarem abertas as inscrições para as chapas que irão concorrer à eleição da nova Diretoria da APC, para o mandato no triênio 2024-2026. Deverão fazer parte da chapa inscrita, nomes dos postulantes aos novos encargos de presidente, vice-presidente, secretário, diretor financeiro e diretor administrativo. Devem ser também indicados, os nomes dos três adjuntos ao Conselho Fiscal. O(a) candidato(a) deverá encaminhar sua proposta em envelope lacrado, para a Presidência da APC, sede da Academia, na Fundação Casa de José Américo, Av. Cabo Branco, 3336, 58.045-270, João Pessoa-PB, até o dia 31 de outubro de 2023. As chapas inscritas serão publicadas à informação dos associados, pela imprensa escrita, WhatsApp da APC e blogs dos integrantes, para devida votação, que deverá ser on line,ou presencial na sede da APC, até dia 30 de novembro de 2023. 

João Pessoa, 01 de outubro de 2023

Zezita Matos

Presidente