Sem deixar de mencionar, ainda do século passado, as quatro produções brasileiras indicadas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (categoria hoje denominada de Melhor Filme Internacional), sabemos que o cinema nacional jamais pisou no tapete vermelho hollywoodiano. Isso, a partir de O Pagador de promessas de Anselmo Duarte, em 1963, e 90 anos depois com O Quatrilho de Fábio Barreto, seguido de O Que é isso companheiro? de Bruno Barreto, e Central do Brasil de Walter Sales. O Oscar, nessa categoria, sempre foi a pedra no sapato do cinema nacional.
Sabe-se também que a única vez que o Brasil conseguiu ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro foi com Orfeu Negro, direção de Marcel Camus. Mesmo assim, tenha perdido a famosa estatueta para a França, simplesmente porque o diretor do filme era francês. Apesar de Orfeu Negro portar todas as características de brasilidade – quase totalmente filmado no Rio de Janeiro, com música de Tom Jobim e falado em idioma português. Isso aconteceu em 1960, três anos antes de O Pagador de promessas de Anselmo Duarte ter tentado igualmente o Oscar, após ganhar a Palma de Ouro de Melhor Filme do Festival de Cannes, na França.
Com a chegada do novo século, o cinema brasileiro continuou tentando. No entanto, a privação parece não ter fim para as produções nacionais e seus realizadores.
Nesses últimos anos, tem sido patente que a situação nos bastidores do “cinema Tio Sam” tem mudado, quando se trata de escolha das produções de outros países concorrentes à categoria de Melhor Filme Internacional, junto à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Atualmente, levando em conta aquilo que sempre temos observado, amargamos mais uma decepção que foi, dentre as muitas que já ocorreram nesses anos todos, a indicação pela Academia Brasileira de Cinema ao Oscar/43 de Retratos Fantasmas, documentário pernambucano.
Este ano, com as novas tecnologias de guerra bombando por aí, também a Natureza revirando o mundo de ponta cabeça, não acredito muito no drama documental de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Não pelo filme em si, obra bem cuidada e séria, tampouco pelo diretor de capacidade já reconhecida em Central do Brasil (1998), indicado também ao Oscar daqueles tempos, mas porque o seu novo filme não diz sobre os tempos e mundos atuais. Exemplo recente, os ganhadores no Oscar do ano passado: Melhor filme Oppenheimer (pai da Bomba Atômica), e Melhor filme estrangeiro Zona de Interesse, sobre uma família alemã residindo junto ao campo de concentração em Auschwitz, em pleno Holocausto da Segunda Guerra. Ainda Estou Aqui é filme que resgata a vida difícil da mulher Eunice Paiva (papel vivido por Fernanda Torres) e seus filhos, no período da ditadura militar no Brasil, depois que seu marido Rubens Paiva, político influente na época, é preso e dado como morto, personagem interpretado pelo ator Selton Mello. Aguardemos, pois, a seleção pela AACC de Hollywood.
APC reúne diretoria na nova Sala “Barreto Neto”
Quinta-feira passada, obedecendo calendário de encontros mensais, a Academia Paraibana de Cinema (APC) promoveu, às dez horas da manhã, sua reunião ordinária do mês. O encontro com seus integrantes aconteceu na Sala “Antônio Barreto Neto”, na nova sede em Tambaú.
Na ocasião foram tratados vários assuntos relacionados ao programa de eventos para outubro e meses seguintes, com ênfase aos acordos da APC junto à União Brasileira dos Escritores-seção Paraíba. O encontro teve na presidência o prof. João de Lima Gomes, titular da APC.