Cinema de rua, uma realidade quase inexistente

Antigo Plaza Cinema De Rua Dos Bons Tempos Em Joao Pessoa
Foto: Antigo Plaza, cinema de rua dos bons tempos em João Pessoa.

Nos dias atuais não é comum a abertura de salas de cinema fora dos centros culturais e shoppings. A criação desses ambientes de diversões cinematográficas, que normalmente acontecia no passado, hoje é cada vez mais rara. E até ficamos surpresos, quando se anuncia a inauguração de um “cinema de rua” – expressão essa muito comum, nos primeiros tempos, para classificar cada sala de projeção fílmica instalada em bairros e ruas das cidades.

Nalgum tempo atrás fui informado por um amigo médico, “cinemista” tanto quanto eu (igualmente confrade na Academia Paraibana de Cinema), que numa de suas viagens à Europa, com surpresa verificou a existência de muitas salas de cinema de rua. Uma realidade que passou a ser quase inexistente entre nós, com a tal globalização empresarial e comercial, pelo streaming service, sobretudo, das redes de exibição em nosso país.

Recentemente, nossa academia de cinema foi informada pela Secretaria de Cultura da cidade de Sapé, interior do estado, sobre a inauguração de uma sala de cinema de rua. O evento acontecerá para homenagear a memória de Arthur Coelho, figura ligada ao cinema daquela cidade, com experiência na distribuição de filmes da Paramount, empresa sediada em Recife.

E rebobinando um pouco da nossa própria história, lembro de meu saudoso pai (“Seu” Severino do cinema) e dos muitos contatos comerciais que fazia com as distribuidoras de filmes Warner Bross, Universal, Metro-Goldwyn-Mayer, além da Paramount. Consideradas grandes empresas estrangeiras sediadas na capital pernambucana. Situações que sempre assisti de perto, desde adolescente, e da troca de filmes com outros exibidores paraibanos, inclusive de Sapé. Época de muito trabalho, mas compensador, especialmente pra mim, na certeza de que estariam garantidos, para mais uma noite, os nossos “écrans de sonhos”.

Retornando ao cinema de rua e sua inauguração na cidade de Sapé, prevista para outubro deste ano, a Academia Paraibana de Cinema foi convidada pelos organizadores locais, juntamente com os técnicos do Núcleo de Documentação Cinematográfica (NUDOC), da UFPB, para uma visita ao local onde será erguida a nova sala de exibição fílmica. E segundo soube o presidente da APC, professor João de Lima, originalmente o prédio teria sido destinado ao auditório de uma faculdade privada, mas isso não ocorreu. E que, em função da crise, a faculdade está atualmente operando de forma remota, mas a construção em alvenaria segue normalmente, com apoio da prefeitura local. Espera-se que o projeto dê certo, e que mais salas de cinema sejam criadas na Paraíba, resgatando historicamente a tradição e importante da nossa cultura fílmica.


Em mais uma de suas atuações culturais pelo interior do estado, a Academia Paraibana de Cinema (APC) manteve contato com entidades das cidades de Santa Luzia e também de Sapé. Nesta, através da Secretaria de Cultura, o presidente da APC João de Lima Gomes tomou conhecimento da proposta regional formada por 46 academias, que integrará a criação de uma Federação de Academias, no Estado da Paraíba. Para a qual a APC foi convidada a participar.

Durante sua visita à cidade de Sapé, o presidente da APC João de Lima foi acompanhado pelos professores Carlos Anisio e Carmelio Reynaldo, e mais dois técnicos do Nudoc, da UFPB, com mediação local de Ana, articuladora do projeto.