Houve um tempo em que, ostentando firmeza arquitetônica e utilidade, ela era a principal entrada para a cidade de João Pessoa. Vindo-se de Bayeux, Santa Rita e demais cidades do interior do estado, a Ponte Sanhauá oferecia a ultrapassagem de carros e pedestres ao centro da Capital paraibana.
Esta semana, vendo uma fotolegenda publicada na segunda página do jornal A União, em que se afirmava “A ponte sem serventia”, olhando bem ao que ainda existe dela, de imediato lembrei que terá sido ali mesmo, onde termina Bayeux, na cabeceira da ponte, que realizei uma das sequências de um dos meus primeiros curtas-metragens – Pescadores do Sanhauá.
O ano era 1967, não lembro bem do mês, e o filme insere-se no chamado “Ciclo dos Independentes”, por não está vinculado a nenhuma produtora de filmes local ou fora da Paraíba. Esses dados constam do meu primeiro livro “Cinema & Revisionismo”, às páginas 36/37, publicado em 1982 por A União, com o selo da Secretaria de Educação e Cultura, também da Diretoria Geral de Cultura, ambas do Governo do Estado da Paraíba.
Com introdução do parceiro Antonio Barreto Neto, à época, presidente da Associação de Críticos Cinematográficos da Paraíba, entidade da qual eu fazia parte também, e tendo contracapa e orelhas assinadas por dois outros amigos, Machado Bitencourt e Linduarte Noronha, respectivamente, o livro de cento e poucas páginas faz um relato minucioso sobre o cinema paraibano. Obra que vem ser hoje reconhecida por outras importantes publicações de cinema, dentre elas uma recente, que afirma: “… real histórico do cinema paraibano. Foi o primeiro a refletir sobre a produção superoitista, pontuando a realização dos primeiros filmes em Super-8” (De Gadanho a Closes).
Pois bem, retornemos ao Sanhauá. Naquele tempo, ainda residindo em Santa Rita e já trabalhando na imprensa da Capital, fui solicitado por um dos párocos da Matriz Santa Rita de Cássia, o belga Monsenhor Paulo Koeler, a filmar os pescadores do Rio Sanhauá. O documentário deveria ser em película reversível, 16mm, em preto&branco, para a televisão de Bruxelas/Bélgica.
Veio-me à mente, então, aquela cenografia realmente já existente, sendo testemunhada todos os dias por mim, em minhas idas e vindas ao trabalho, quando via os pescadores em suas jangadas nos manguezais; outras vezes, passando sob a ponte Sanhauá, jogando suas redes de pesca. Filmado com uma câmera de 16mm, emprestada pelo amigo Barretinho (Antonio Barreto Neto), produzido pelo próprio Monsenhor Paulo Koeler e por mim, que também fiz a direção, revelado e finalizado nos Laboratórios da Lider de São Paulo, Pescadores do Sanhauá o documentário nasceu assim… Como registro de uma atividade pesqueira artesanal destinado ao programa de uma televisão belga. C’est la fin, merci.
APC homenageia Gina Lollobrigida
Academia Paraibana de Cinema, que já firmou agenda para este ano, e com duas importantes realizações, ambas periódicas, deve iniciar uma delas já daqui há quinze dias, com uma “exibição de homenagem” à atriz italiana Gina Lollobrigida, recentemente falecida. Selecionado pelo crítico de cinema João Batista de Brito, da APC, que comentará o filme na ocasião, O Corcunda de Notre Dame é protagonizado pelo ator Anthony Quinn. A sessão será na Sala Aruanda, na UFPB, às 17hs. E pelo que ficou agendado na última reunião da Academia, às quintas feiras haverá um filme a ser exibido e comentado durante a sessão.