Quem já não ouviu falar de histórias de bruxas, de assombrações, até de milagres… De pessoa que se enruste de prodigiosa só para tirar vantagens de outrem? Pois, essa é a trama que envolve o filme O Milagre, que tem a direção do cineasta chileno Sebastián Lelio. Filme indicado ao Oscar de 2023.
É inegável que, não apenas nos séculos dezoito e dezenove, muitas são as histórias de prodígios religiosos, sobretudo salientes em jovens meninas que, despreparadas para a vida real, eram influenciadas por adultos, até da mesma família, sobre o “pecado mortal”. A lista de eventos dessa natureza é bastante longa, e no cinema nem se contam as muitas realizações tratando do tema…
O Milagre é um desses exemplos. Diria não ser um filme sobre religião, propriamente, que assisti esta semana na Netflix, mas que nos dá uma versão bem clara do que foi no passado – e continua sendo nos dias atuais – a questão da exacerbada crença religiosa na mente de pessoas incautas.
Adaptado do romance da escritora Emma Donoghue, O Milagre é um daqueles filmes que chamam a atenção, especialmente de pessoas que buscam algo além de uma trama bem contada. No caso, é quando Religião e Ciência, subjetivamente, buscam demarcar seus marcos de indagação e de afirmação. Embora, no filme, não se demarque bem tais valores, que, quando misturados, perdem suas verdadeiras essências. O certo é que, uma coisa será sempre ela; a outra jamais será outra coisa…
Explorando o fervor religioso exagerado da garotinha Anna, em lugarejo pobre da Irlanda, atiçada pelos pais e comunidade religiosa do lugar, o filme põe e cheque a crença de “quem é Deus”; e se, realmente, existe o “fogo do inferno”. Das indagações nesse sentido, em verdade, surgiu a inspiração da autora Emma Donoghue ao escrever seu livro, deixando claro a necessidade de séria reflexão sobre os “conceitos medievais de penitência e da anorexia”; ainda revividos nos tempos modernos.
E sem querer adentrar questões dogmáticas sobre a medicina e também religiosidade, o filme tem na personagem da enfermeira inglesa Lib (Florence Pugh), contratada pela paróquia local para assistir e testemunhar o fenômeno da garotinha “milagrosa”, um motivo de cotejo a se estabelecer entre Ciência e Religião. E mesmo porque a família da jovem, que é responsável por tudo, já reconhece a menina como uma verdadeira “santa”, por não se alimentar há meses e de exclamar a todo instante palavras de exaltação à Deus. Mesmo sendo paga como cuidadora da garotinha Anna, revezando-se com uma freira também indicada pelo conselho de padres da região, está ali o interesse da enfermeira não só para seguir o jejum da suposta milagreira, mas tentar desmistificar o que para ela seria uma boa farsa. E consegue… O final da história é bastante verossímil, em razão dos pais e não apenas pelo “pecado” motivador da angústia da garotinha Anna. Mas, o ponto mais alto da produção, acredito, está na luz usada pela fotografia.
FCJA e ICAF abrem exposição “Pintando Poesia”
Academia Paraibana de Cinema se congratula com a Fundação Casa de José Américo e o Instituto de Cultura Américo Falcão, de Lucena, pela mostra Pintando Poesia dos paraibanos André Falcão, Daiane Silva, Dimas Sales, Davi Queiroz, Edgar Luiz, Reginaldo Emídio e Ruthy Oliveira. Aberta na terça-feira passada, a mostra ficará aberta até hoje na FCJA, em Cabo Branco.
Segundo a curadora da mostra, Denise Sales, o trabalho exposto motiva o resgate histórico e identidade cultural do povo de Lucena, permitindo ainda conhecer o passado e preservar a memória e a cultura, que são os requisitos para moldar as ações no presente. E afirma: “A Exposição é composta por Obras de Arte retratando poesias. Sua proposta vai além do mergulho na memória do lugar, por meio da vida e obra do ilustre filho, Américo Falcão.