A fotografia em movimento (moving image) ou, como é basilar entender, a montagem de fotogramas (filme) quadro-a-quadro, foi um dos grandes feitos criativos do final do Século XIX. Terá sido o primeiro passo para uma evolução narrativa e construtiva da imagem, que hoje experimentamos no Cinema e, após alguns anos, em outras mídias audiovisuais.
Foram-se esses tempos, advindo as novas tecnologias de comunicação nas artes visuais, e já na segunda metade do século passado, novos avanços foram surgindo, como o Holograma 3d. Segundo se anunciou, um recurso de projeção altamente sofisticado como forma de entretenimento de massa, oriundo do digital, que permite atualmente a visão tridimensional da imagem sem óculos especiais, como foi no início do simples 3D. Ambas tecnologias foram bastante revolucionárias, em suas respectivas e contingenciais épocas.
A partir desses dois avanços tecnológicos da imagem em movimento, com o som apenas advindo no final dos anos vinte do século passado (O Cantor de Jazz), é possível avaliar o que hoje realmente deve representar o Cinema. Isso, se não só buscarmos as noções científicas sobre o movimento simples dos corpos, como queiram alguns, sob energia cinética.
Tenho buscado ampliar tal entendimento, aqui mesmo na coluna, sobre o que bem define Cinema nos dias atuais. Essa é uma arte que transcende ao seu próprio recurso técnico de cinesia da imagem formatado no passado – visual e sonora. Cinema ganhou conceito muito maior, que é o de Mercado.
Não faz muito tempo, ouvi declaração de alguém que se diz plenamente satisfeito em assistir a um filme em casa (home movie). E que “o consumo eletrônico doméstico não quebra o encanto do cinema”. Diante de afirmativa tal, será perda de tempo qualquer argumentação. Só para variar, lembraria a esse “espectador” que o cinema não apenas se resume a um mero arquivo de computador ou ao enganoso diáfano da telinha. O cinema, nobre espectador, é muito mais que isso – é ritual, é o se deslumbrar em uma ampla sala escura sob um grande écran à sua frente. Na realidade, negar a uma criança de hoje a curiosidade de ver, pelo menos uma vez em sua vida essa máquina de fantasias que é a sétima das artes… Gente, é muita crueldade!
O “cinema de rua”, nos dias atuais, pode ser o recomeçar da nova fase de uma arte que foi deveras importante social e culturalmente, durante anos. Refiro-me não sobre algumas poucas exibições de filmes que têm acontecido em praças, logradouros públicos e escolas da Capital paraibana e do interior do Estado. Mas, aos únicos cinemas (salas privadas de projeção) resistentes, ainda, em poucas cidades brasileiras, a exemplo das capitais europeias. E como gostaria de iniciar 2022 com uma boa notícia, vi recentemente uma nota aqui mesmo em A União sobre a reabertura da sala de exibições fílmicas (Cine Teatro Excelsior) na cidade de Bananeiras, na Paraíba. O que nos traz novas esperanças e compreensões sobre a importância dessa arte na formação da Sociedade.
APC-NOTA
Início de mais um ano, é tempo de novas aspirações e de ações construtivas em prol do Sétima Arte. Momento em que a Diretoria da Academia Paraibana de Cinema, na pessoa de sua presidente, atriz Zezita Matos, e em nome de todos os que formam os seus quadros, agradece a deferência que teve até agora, desejando aos paraibanos um 2022 de muitas realizações. Registrando ainda que, encorajada continua a APC na realização de novos e importantes projetos, pelo que espera ter o mesmo acolhimento por parte das instituições com as quais tem sido parceira, desejando a todas uma próspera e feliz gestão.
Excelente essa retrospectiva histórica do cineasta e amigo Alex Santos. A sétima arte precisa continuar viva na nossa mente e coração. O cinema é cultura, cultura é desenvolvimento social. Precisamos apoiar e valorizar sétima arte. Feliz 2022 com grandes expectativas.