O “mito” Cardinale em nossas vidas

Atriz italiana claudia cardinale, paixão de gerações de cinéfilos.
Foto: Atriz italiana Claudia Cardinale, paixão de gerações de cinéfilos.

Numa época de notório “glamour” do cinema italiano, ela foi uma atriz de minhas lúdicas paixões. Saindo de uma adolescência de fantasias e sonhos para um período de maturidade, dentro do nosso próprio cinema, eu me via preso a alguns fetiches de uma arte que, logo cedo, tinha aprendido a viver e exercer, cotidianamente.

Vendo, hoje, relatos sobre a trajetória da atriz Claudia Cardinale, falecida recentemente, vieram-me as memórias de quando, com o meu saudoso pai, íamos às distribuidoras de Recife contratar os filmes que seriam exibidos semanalmente em nossas telas. Foi uma longa e rotineira saga, até hoje muito bem lembrada.

Quanto ao “mito” cinematográfico daquele momento, e convivendo com outras atrizes de igual ou superior quilate, como Gina Lollobrigida, Sophia Loren e tantas outras, Claudia Cardinale sobressaia-se por sua real beleza. Encanto que nos cativava a todos. Razão que sempre nos levava a selecionar seus filmes a uma bilheteria certa. Como foi o caso de alguns lançamentos do tipo O Leopardo, do diretor italiano Luchino Visconti, também de Era uma Vez o Oeste, de Sérgio Leone. Verdadeiramente, eram filmes que enchiam as nossas salas de projeção, naquela época em que o cinema tinha muito mais fôlego que hoje.

Sobre esse período e cinematografia, meu pai (“Severino do Cinema”, como era conhecido também nas distribuidoras de filmes do Recife) tinha lá suas restrições, claro. Lembro bem do caso de  , de Federico Fellini, filme de 1963, que meu pai tinha reserva em contratar, por acreditar que não daria uma boa bilheteria, segundo ele, por ser um filme que não teria a atenção de seus espectadores. Mas, por insistência minha, acabamos selecionando.

Na época, já me preparando para a universidade, eu vinha lendo sobre as “coisas de cinema”, uma arte que já tinha algumas de suas raízes plantadas em nosso estado. Exemplo recente, Aruanda, de Linduarte Norinha. Fato que aguçava ainda mais meu interesse por um cinema não apenas como exibidor, mas se estendia também à Rádio Sociedade de Santa Rita, onde apresentava meu programa de música clássica e de cinema. Vendo, hoje, um de nossos “mitos” – Claudia Cardinale – indo embora, só nos resta resgatar as boas memórias de uma vida cinematográfica, que iniciei logo cedo. Vida que nos permitiu (a mim e ao meu pai) integrar a tão evidente Academia Paraibana de Cinema.


A sala “Antônio Barreto Neto”, da Academia Paraibana de Cinema esteve movimentada esta semana. Reuniram-se os confrades Marcus Vilar, Heleno Bernardo e Durval Leal Filho, além do diretor Ivan Cordeiro, que reside na Califórnia, EUA, em companhia da americana Letícia Maria Vellanoweth, da Eyesee film.

O objetivo do encontro, segundo o presidente da APC, João de Lima, foi “criar um desenho de futura obra audiovisual sobre o maestro Moacir Santos, revendo no cinema o importante músico pernambucano de carreira internacional”.