
Buscando caminhos menos tortuosos e procurando firmar-se no plano da produção, sobretudo artesanal de curtas e documentários, aliás, sua real e pioneira vocação até os dias de hoje, essa tem sido a meta do nosso “cinema de província”. Reservadamente, de olho no visor da câmera e outro na cenografia cultural de época da cidade, acompanhei esse movimento na capital paraibana, que tem reverberado para além das fronteiras desde o final dos anos cinquenta.
Nessa época, já com experiências de alguns anos em salas de cinema – razões que me fizeram instalar e inaugurar o Cine Bangüê do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, em 1982 –, percebi o momento cultural importante que se afigurava com a então criação da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba (ACCP), do Cinema Educativo da Paraíba e da nossa Universidade Federal. Instituição de Ensino Superior federalizada pelo Governo de José Américo de Almeida, independentemente de qualquer “Ramona” (ou azarão) que se lhe possam atribuir.
À época, repórter do jornal oficial do Governo do Estado, Linduarte Noronha, já conhecido crítico de cinema da imprensa local, procura também criar o seu próprio mundo de observação. Foge da tumultuada sucessão governamental, lançando-se para os sertões do Planalto da Borborema à procura de insólitas aventuras jornalísticas. A edição de 13 de agosto de 1959, de A União, vem de publicar reportagem de grande destaque e interesse social sobre um tal quilombo incrustado na Serra do Talhado de Santa Luzia do Sabugí, alto sertão paraibano.
Dessa “cinematográfica” reportagem de Linduarte Noronha para o filme “Aruanda, dele foi apenas um pulo. Realizado naquele mesmo ano pelo próprio Linduarte, o novo documentário detonaria o então anos sessenta, abrindo novas perspectivas para a Paraíba e firmando posição nacional na sua categoria, como um dos maiores curtas da fase inicial de um novo olhar cinematográfico para a mais autêntica nordestinidade, em toda a história do cinema brasileiro. De oportuno, o cineasta baiano Glauber Rocha consegue inflamar ainda mais o sentimento cultural nacionalista, ao afirmar que “a fome latina não é apenas uma questão simplesmente alarmante, mas é o nervo da sua própria sociedade”. E ratifica a originalidade do Cinema Novo através do filme paraibano “Aruanda”, de Linduarte Noronha, que, segundo Glauber, “inaugura assim o documentário brasileiro”. Afirmação que está no meu livro “Cinema & Televisão: Uma relação antropofágica”, publicado em 2002 pela A União.
APC e AF nas ações de 2026
A cineasta e confreira de academia Vânia Perazzo participou na última quinta-feira, junto à diretoria da Aliança Francesa na Paraíba, de reunião representando a Academia Paraibana de Cinema, na formulação de ações culturais para 2026 envolvendo a APC e a AF de João Pessoa. O destaque foi para o lançamento de filmes e livros com temática de interesse mútuo das duas entidades.
Nas próximas semanas, a APC retomará contato sobre o calendário e os conteúdos das ações, continuando a cooperação, visando eventos exitosos e de boa participação do público, na sede da AF.