
No mundo da Sétima Arte, não menos na ficção, tudo pode acontecer. Por mais exótico que seja. E nos tempos atuais, em razão de algumas virtuais facilidades tecnológicas, vimos presenciando situações bastante esdrúxulas, como as de um inadequado e estranho modismo, conspurcando a legítima natureza da arte cinematográfica naquilo que ela tem de mais singular: a de provocar um juízo crítico de valor sobre aquilo que exibe.
Não raro, tudo vem sendo mostrado sem o mínimo de critério, esse que sempre foi o grande condutor da narrativa cinematográfica, substância inequívoca da magia do verdadeiro cinema. O fato é que o eletroniquíssimo habitual de hoje tem ofuscado o senso interpretativo, sobretudo particular, da nossa classe espectadora. Até “subestimando” a sua capacidade de leitura sobre o que assiste.
Focando nossas atenções para o plano prático, e não necessariamente teórico do cinema, justamente no âmbito da atividade do entretenimento fílmico, se fazem notar algumas contundências estranhas. Por exemplo, uma espécie de abusiva compulsoriedade na venda do ingresso para quem vai ao cinema assistir a um filme. Temos que transformar agora nossas salas de exibição fílmica em ambiente de piquenique? Sob a alegação de uma medida que deve privilegiar o comércio local de secos e molhados? Absurdo!
Esta semana, vi na televisão uma notícia que me cansou estranheza, e deveras fiquei perplexo com tamanha medida. A aprovação de um projeto estadual exigindo que salas de cinema, concertos, shows e demais eventos passem a exigir do espectador, além do habitual ingresso de entrada, outros produtos como comestíveis. Indagaria, então: Cinema e pipoca sob “venda casada”, que já existe não basta? É preciso transformar agora nossas salas de exibição fílmica em ambiente de mero piquenique?
Hoje, quando se vive a panaceia de organismos ligados aos interesses de defesa do consumidor, surgem arbitrariedades como essa que a sociedade acaba de testemunhar. Lei que trata de uma questão não apenas de interesse e de direitos ao consumismo, mas que deve ser também do resguardo natural ao próprio cinema. Sou do tempo em que a Sétima Arte era soberana. Não se ia ao cinema para fazer piquenique. Íamos para assistir ao filme de nossa preferência. Essa tal pipoca, ou qualquer outro produto ali consumido era uma opção pessoal de cada um fora da sala de projeção.
APC: Agenda desta semana
Representando a Academia Paraibana de Cinema, o professor João de Lima Gomes foi homenageado na 14a Mostra Acauã de Cinema, realizada esta semana na cidade de Aparecida, interior do estado. O evento distingue personalidades da cultura audiovisual que colaboram com a iniciativa de sua interiorização.
A presidência da APC deve participar também, da mesa de abertura do VIII Colóquio Internacional de Cinema, no próximo dia 24, às 18:30h, no Cine Aruanda do Centro de Comunicações, Turismo e Artes da UFPB, evento que já tem confirmada a presença do Secretário Estadual de Cultura.