Por onde andam os nossos acervos fílmicos?

Cineasta machado bitencour, um dos pioneiros do cinema paraibano.
Foto: Cineasta Machado Bitencour, um dos pioneiros do cinema paraibano.

A questão da preservação dos acervos, sobretudo de cinema, é coisa que vem de muito tempo. Desde quando se iniciou a utilização da película (filme) cinematográfica. Inicialmente, durante o final dos anos de 1890, no formato de 35 mm, depois agregando o 16 mm e, posteriormente, em bitola Super-8, até chegarmos à digitalização da imagem. Tema que continuamos a debater até os dias atuais.

Esta semana, em matéria publicada no jornal A União, nosso confrade na Academia Paraibana de Cinema, prof. Rômulo Azevedo, de Campina Grande, aponta gravidade sobre a maioria dos nossos acervos fílmicos, denunciando: “Vamos preservar, recuperar, restaurar esses acervos. Quem vai ganhar com isso é o estado da Paraíba, o Brasil e o mundo.” Evidência mais que justa.

Hoje, resgatando fatos e apelos que já fazemos no passado, inclusive por esta mesma coluna, comungo com as opiniões do parceiro Rômulo, em razão do que sempre alertamos sobre os nossos arquivos. E não apenas fílmicos, mas também cinematográficos – fotográficos, literários em sua totalidade.

Além disso, essa preocupação com os nossos acervos é coisa antiga. Além da questão presente, há algum tempo fui indagado sobre o paradeiro do acervo fílmico do jornalista Ivan de Oliveira, com quem trabalhei alguns anos atrás em João Pessoa, na realização de uma série de cinejornais para a Repsom Produções Cinematográficas Ltda. Filmávamos em 35 mm, com a revelação do material e finalização nos Laboratórios da Líder de São Paulo, às vezes no Rio de Janeiro. Não era fácil se produzir quase sem dinheiro alguns curtas-metragens, registrando especialmente eventos e obras do governo de então, na Paraíba. Filmes que depois eram exibidos sobretudo no Cine Plaza, antes das suas sessões normais de fim de semana. Essa foi uma saga que vivenciei pessoalmente durante anos, no universo paraibano.

Agora, com mais esse justo alerta sobre o acervo de Machado Bitencourt, também patrono da nossa Academia Paraibana de Cinema, Cadeira 28, ficam indagações sobre “onde estão os nossos acervos fílmicos?”. Que saiba, além desse de Bitencourt, que deve ser masterizado, outros na Paraíba continuam sendo ignorados em suas origens. Eu, inclusive, possuidor de vasto acervo em películas 16 mm e outros formatos, legado dos tempos de meu pai e nossas salas de cinema, não sinto segurança em fazer doação, para que haja um tratamento adequado.


Em apoio a mais um evento na Paraíba, a Academia Paraibana de Cinema participou esta semana da “I Mostra de Filmes Ciência, Tecnologia e Arte na Tela”, que aconteceu na Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego. A mostra foi realizada na Sala 4 do Mezanino 2 da FUNESC, e terminou ontem.

O presidente da APC, professor João de Lima Gomes esteve presente no evento, representando sua diretoria, e também o Núcleo de Documentação Cinematográfica e DECOM, dos quais faz parte na Universidade Federal da Paraíba,