“Nem tudo é verdade”

Alex com o cineasta rogério sganzerla quando de sua visita à paraíba.
Foto: Alex com o cineasta Rogério Sganzerla quando de sua visita à Paraíba.

A Paraíba tem sido para o cinema brasileiro um motivo a mais, quando se trata das condições regionais e cenográficas à qualidade na produção de filmes. E não terá sido só no gênero documental e de curta-metragem, não. Inúmeros foram os longas de ficção aqui realizados, por cineastas nossos e de fora do estado, reforçando a feição e a marca daquilo que se convencionou chamar de “cinema paraibano”.

Alguns feitos, neste sentido, poderiam ser destacados aqui. No entanto, citaria uns dois bastante emblemáticos, ainda do século passado, e que dizem muito bem, sempre, das probabilidades geográficas e regionais da Paraíba, não menos aos nossos costumes, crenças e revelações culturais. Refiro-me ao desbravador Walfredo Rodriguez, realizador de “Sob o Céu Nordestino”, filme do final da década de 1920.

Certa vez fui indagado por um de meus alunos em sala de aula, sobre o real motivo dessa inusitada “Holliúdy Nordestina”. Houve a necessidade de mostrar-lhe que o município de Cabaceiras, além de polo turístico influente, na Paraíba, tem se destacado por um grande número de produções de ficção e documentais ali realizadas.

Indagado na forma que fui pelo aluno, tive que desfilar nada menos que 25 produções, entre curtas, longas documentários e de ficção realizadas para cinema e televisão, na cidade de Cabaceiras. Obras famosas como “São Gerônimo” de Júlio Bressane, “O Auto da Compadecida” de Guel Arraes, dentre outras, já a partir do limiar deste século.

Agora, se é verdade ou não todos os feitos ali produzidos, e pelos dados ora atribuídos à criação da tal “Holliúdy Nordestina”, o certo é que o assunto me remete a uma conversa que tive com o cineasta carioca Rogério Sganzerla (falecido em 2004), quando se preparava para rodar o longa-metragem sobre a vinda de Orson Welles ao Brasil.   

E quando o diretor Rogério Sganzerla esteve em João Pessoa, a nosso convite, eu o acompanhei durante alguns dias em sua estada na casa do amigo José Nilton da Silva, lá no Seixas. Oportunidade em que recebi de Sganzerla algumas dicas de produção, inclusive. Pois bem, eu e Zé Nilton estávamos realizando, nessa época, um curta sobre a história de Guarabira, intitulado “Vila de Independência”, cujas cenas iniciais foram gravadas em U-Matic nos manguezais próximos da enseada de Tabatinga. E foi do amigo Sganzerla a declaração que me ficou gravada, referindo-se ao que se escrevia historicamente sobre o cineasta Orson Welles, que veio ao Nordeste para documentar a saga do jangadeiro do Ceará, na sua travessia até as praias cariocas. Disse-me ele: “Alex, nem tudo é verdade!”. Expressão que seria usada para o seu filme, com idêntico título.


A convite, a Academia Paraibana de Cinema participou de recente atividade cultural promovida pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, através do Centro de Cultura Ariano Suassuna (CCAA), que fica localizado no bairro de Jaguaribe. Na oportunidade foi exibido o documentário “A Pedra do Reino e o Sertão de Dom Pantero”

A APC foi presentada pelo seu presidente, prof. João de Lima e demais membros de sua diretoria. Na ocasião, discutiu-se com os organizadores do evento uma relação mais direta daquele Centro de Cultura com a Academia Paraibana de Cinema.