A Revolução de 30 e o cinema na Paraíba (II)

Ator ricardo moreira interpreta américo falcão, na cena da biblioteca públoca do estado.

Foto: Ator Ricardo Moreira interpreta Américo Falcão, na cena da Biblioteca Pública do Estado.

No vídeo-resgate que realizamos em 2013, “Américo: Falcão Peregrino” (https://www.youtube.com/watch?v=JhrC-5yQx3M), registramos a ligação do poeta com o Presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Em vivo depoimento, a filha do vate Marlinda Falcão Estrela dá detalhes dessa relação, inclusive da relação de Américo com as artes e a cultura daqueles tempos.     

Em “Américo: Falcão Peregrino” dois instantes da narrativa dizem muito bem e verdadeiramente da amizade, do respeito que tinha o vate para com o seu comandante: Nas sequências em que Américo fazia sua costumeira caminhada pela cidade, todas as tardes, após deixar a biblioteca. Sempre ia à Praça João Pessoa e se postava, respeitosamente, em frente ao monumento do ex-presidente, em reverência, tirando-lhe o chapéu que sempre usou. Um outro instante marcante no vídeo é o de que, sob forte dilúvio trovejante, na penumbra da noite, em sua residência, após exibir cenas da pesca da baleia do documentário “Sob o Céu Nordestino”, de Walfredo Rodriguez, Américo se recolhe e passa a refletir tristonhamente sobre o amigo João Pessoa. 

Depois da grande comoção popular com a morte de João Pessoa, a Parahyba passaria imediatamente ao comando do Vice-Presidente Álvaro de Carvalho, até meados de outubro daquele mesmo ano, quando do golpe de estado que derrubaria o Presidente da República Washington Luiz, no Rio de Janeiro, subindo ao Palácio do Catete o novo presidente Getúlio Vargas.          

Em consequência, a Capital Parahyba, agora denominada “João Pessoa”, terá como Interventor Federal Antenor Navarro, que abriria então uma nova etapa para a história do nosso cinema. É quando inaugura, no já existente Theatro Santa Roza, uma sala de projeção cinematográfica condigna com a exibição do primeiro filme “falado” entre nós. Fato amplamente divulgado pela imprensa local e de fora do estado, tendo como principal porta-voz o jornal oficial A União.

Dada a importância simbólica da Revolução de 30, o cinema paraibano jamais a esqueceu. Rebobinando os fatos, premiando a nossa cinematografia em 1985, um Documentário à altura da História da Paraíba, dentro das celebrações do seu Quarto Centenário: “PARAHYBA”, filme multipremiado nacionalmente. Um trabalho realizado dentro das regras empresariais e profissionais que o próprio cinema e suas tradições exigem. Tudo feito sob critérios de revisão crítica, com respeito e ousadia que o assunto requeria, liderado por um grupo de historiadores, escritores, jornalistas, roteiristas e cineastas, com apoio de diversas instituições do Estado da Paraíba. Figuras que propuseram e efetivaram o feito “Parahyba”, além de vários autores e publicações em livros e textos da imprensa, destacam-se os nomes dos cineastas Machado Bitencourt e Alex Santos, do historiador-escritor José Octávio de Arruda Mello, com participação de Antônio Barreto Neto, Moacir Barbosa de Sousa, Wills Leal e Linduarte Noronha.


Mais uma vez, a Academia Paraibana de Cinema (APC), sob a coordenação de seu presidente Prof. João de Lima Gomes, promove atividades culturais relacionadas ao cinema, agora em sua sede localizada na Unidade-FCJA, Av. Avenida N. Senhora dos Navegantes, em Tambaú.

Quinta-feira passada, a Sala “Barreto Neto” da APC recebeu um grupo de estudantes da rede pública, no turno da manhã, para mais uma sessão de vídeo, quando foi exibido o curta “Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa”. Na ocasião, houve acompanhamento dos alunos e seus professores convidados, a conhecerem também a Unidade-Tambaú da FCJA.