
Tomando por base o capítulo “História e reflexões de um Cinema Novo”, do livro “Cinema e Televisão: Uma relação antropofágica”, resultante de minha Tese de Mestrado na UnB, trago alguns relatos importantes como os que, a partir de julho de 1930, incidiram sobre a Paraíba. Portanto, havia quase um século de hoje.
Naquele dia, grande parta da nossa população estava receosa pelo que viesse a acontecer. O cinema Rio Branco, como que em presságio burlesco, anunciava a comédia da Metro Goldmeyer intitulada “Coleguinha Leal”, com John McBrown e Marion Davies. No mesmo dia, notícias chegadas de Recife davam conta do que acontecera na Confeitaria Glória, na capital pernambucana, onde fora assassinado um dos influentes homens públicos que a Paraíba conheceu. O entusiasmo da grande maioria do público para com o cinema tornar-se-ia contido, em consequência da tragédia que enlutara a todos. João Dantas, assassino do Presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, passaria igualmente à História Oficial da Parahyba.
Um mês depois, o cinema Rio Branco exibia, de forma contínua e receptiva o documentário intitulado “Os Funerais do Presidente João Pessoa”, numa iniciativa de produção da Cia. Botelho Filmes. Anteriormente, um outro pioneiro do cinema paraibano, Walfredo Rodriguez haveria de deixar a sua marca, em vivo celuloide, reportando em preto & branco a euforia e o carinho que a comunidade paraibana devotara ao seu governante: os momentos de comoção, até idolatria do seu povo, agora traduzidos em lágrimas, muita dor e revolta.
O cinema registrara tudo. Imprimira para a nossa memória política a verdadeira face de um povo para com o seu comandante maior – a alegria do aplauso nas ruas e na sacada do Palácio da Redenção, quando dele se acercavam seus admiradores, e a comoção incontrolada na perda definitiva do seu ídolo. Walfredo Rodriguez, então, soubera como ninguém captar esses momentos, trazendo aos nossos dias um documentário de grande vigor cinematográfico, grandioso, irretocável: “Reminiscências de 30”. Um legítimo e verdadeiro tributo àquele que soube, inclusive, quando em vida, lhe apoiar na arte de fotografar e filmar. Além de Walfredo Rodriguez, um outro personagem singular e amigo, justamente na época em que João Pessoa esteve na presidência da Província da Parahyba, foi o poeta Américo Augusto de Sousa Falcão. Natural de Lucena, à época município de Santa Rita, ele teve presença constante na vida de João Pessoa, que o acolheu na direção do jornal A União, depois na Biblioteca Pública do Estado.
APC homenageia o seu fundador
A obra do fundador da Academia Paraibana de Cinema, Wills Leal, será agora revista dentro das celebrações dos 50 anos em memória de Virgínius a Gama e Melo. O vento, programado para o dia 01 de agosto próximo, será presidido pelo atual presidente da APC, professor João de Lima Gomes, tendo como local a Unidade da Fundação Casa de José Américo, em Tambaú, no período da manhã, com entrada franca.
Temas como “Wills Leal e a Formação da Academia de Cinema: Trajetória e Contribuições”, “Wills Leal: Um Olhar Sobre Sua Atuação na Academia de Cinema Paraibana”, “Cinema e Legado: A Importância de Wills Leal na Academia Cinematográfica”, dentre outros, serão abordados.