
Há algum tempo, quando do lançamento de mais um um livro meu, um repórter me perguntou sobre o que eu achava da produção cinematográfica paraibana. Entendendo se referir aos dias de hoje, indaguei-lhe, então: Você se refere a atual produção videográfica, não?
A Paraíba sempre teve uma tradição documental bastante reconhecida. Sob as condições oferecidas, hoje, acho-a excelente. Justamente, porque essa produção documental atual se dá sob as facilidades de um meio tecnológico mais amplo, com base no recurso da “digitalização da imagem”, lógico, pela televisão influenciado. Deixando de lado o habitual uso do “celuloide”, ou seja, da película fílmica.
Uma base sólida de conhecimento linguístico, estético e técnico, voltada para as nossas condições reais, que o próprio cinema paraibano nos impõe, é a criatividade. E me sinto igualmente mentor e responsável, como os demais de minha geração, pelo que hoje vemos. Tanto no tempo/espaço da realização fílmica, no “rodar da manivela”, como no plano diante das câmeras.
Essa garotada que hoje esbanja talento, ganha prêmios e representa tão bem o nosso cinema, já teve assento em nossas salas de aulas. Tanto nos cursos de Comunicação Social, na UFPB, como em outros cursos específicos de Linguagem Cinematográfica. Quantos deles viveram comigo as primeiras experiências do “fazer fílmico”? Quem jamais esquece as periódicas Oficinas de Cinema do Festival de Arte de Areia, ou, mesmo na Funesc, quando da sua inauguração no início dos anos 80?
Contudo, jamais devemos esquecer que toda essa resistente trajetória nos foi também legada pelos nossos iniciadores – Walfredo Rodriguez e João Córdula. Nobres legados, pioneiros que empreenderam seus reais esforços artesanais, na busca de melhor performance ao nosso “cinema de província”.
No caso específico de João Córdula, homem simples, mas criativo na sua função de guardião de nossas “coisas de cinema”, eu o conheci sempre de boa índole, amigo e partícipe de nossas ideias de realização. Mesmo guardando suas limitações, jamais se negou em vestir conosco a camisa do fazer, do realizar cinematográfico, que tinha mais de “artesanal” que de científico e profissional. As luzes e as sombras conseguidas imprimiram em qualidade e quantidade o “celuloide” do iniciar dos nossos sonhos. Muito mais do que terá sido hoje, firmando o contributo a uma perspectiva inovadora de realização fílmica, na Paraíba. Portanto, mesmo hoje, comungo bons augúrios ao processo obstinado, resistente e a saga da nossa atual produção videográfica!
APC: Zezita Matos será homenageada
A Academia Paraibana de Cinema se congratula com sua integrante, atriz paraibana Zezita Matos, pela homenagem que receberá neste final de semana, por ocasião do encerramento do Edição da Mostra de Cinema Itapeti, em São Paulo. O evento se dará no Theatro Vasques de Moji das Cruzes, numa realização da Associação Cultural Quântica Laboratório de Arte Contemporânea.
Zezita Matos, que tem trajetória de sucesso nacional no cinema, teatro e televisão, foi presidente da Academia Paraibana de Cinema em duas gestões, atua exerce assessoria junto ao professor João de Lima Gomes, presidente da APC.