Cultura popular também no cinema

Fotografo Ze Nilton E Em Nossas Gravacoes De O Romanco Do Dinossauro
Foto: Fotógrafo Zé Nilton (E) em nossas gravações de “O Romanço do Dinossauro”.

Lendo um artigo do historiador José Octávio de Arruda Mello, publicado recentemente no jornal A União sobre a militância cultural em João Pessoa nos meados de 1980 em diante, ele se disse “surpreendido” com um grupo de estudiosos e praticantes do folclore paraibano, na época representado pelos professores José Nilton da Silva e Osvaldo Meira Trigueiro, confesso, senti-me igualmente lisonjeado.  

Mesmo que o prof. Zé Octávio não tenha me citado nominalmente como integrante do tal grupo, fui buscar nas minhas memórias alguns trabalhos que realizei para o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (NUPPO). Foram documentários e audiovisuais com a parceria do professor Zé Nilton da Silva, durante sua gestão à frente do núcleo que funcionava em um prédio na Praça Rio Branco, com acesso também em frente ao cinema Municipal, ainda no reitorado do professor Lynaldo Cavalcanti na UFPB.

Outros nomes importantes ligados à universidade, como o da professora Dalvanira Gadelha, por longos anos à frente do “Grupo de Xaxado da Paraíba”, executiva Iracema Lucena, pesquisadora Débora Borba e do historiador José Augusto Morais foram também citados no artigo do historiador Zé Octávio. Ele inclusive, desse período, fez referência ao bom trabalho sobre a Cultura Popular, que recebia “orientação do vice-reitor Iveraldo Lucena, no reitorado de Lynaldo Cavalcanti”.

Pois bem, mesmo sem querer tocar na questão que polemizou na época, de ser ou não pertinente o termo “folclorólogo” (neologismo então criado para aludir àquele que milita na Cultura Popular), acredito que o artigo de Zé Octávio foi bastante pertinente à importância dos nomes citados e sobre o nosso folclore. Experiência marcante, inclusive para o meu trabalho, quando realizei, só nessa época, alguns documentários, que lembre: Africanos, sobre um bloco carnavalesco do bairro da Torre; Lucena Paradisíaca, retratando o turismo e a pesca artesanal no litoral e praias de Lucena, entre outros. E o mais simbólico que foi O Romanço do Dinossauro, gravado na cidade de Souza, no alto sertão paraibano, numa parceria com o cineasta Pedro Jorge de Castro da UnB. Obra que foi selecionada ao Festival de Cinema nas Ilhas Canárias, na Espanha. E todos esses trabalhos que realizei tiverem a participação do prof. José Nilton da Silva. Incluindo um mais recente, A Ninhada, que se passa no brejo paraibano, de um conto do professor já falecido Nivalson Miranda. E é em razão da importância do trabalho de Zé Nilton (também no nosso cinema), sua trajetória na Cultura Popular descrita por Zé Octávio que deixo com o historiador de História da Paraíba em Fascículos, dentre outras obras marcantes,as impressões finais neste artigo de hoje “Prestei, então, mais atenção à personalidade de José Nilton da Silva com quem passei a conviver na Livraria do Luiz, na universidade, e no Cejus de José Fernandes, além de outras instâncias de nossa cultura.”


A cinematografia paraibana está de luto pelo falecimento de Vladimir Carvalho, que ocupava a Cadeira 02 da Academia Paraibana de Cinema, cujo Patrono é o saudoso cineasta Walfredo Rodriguez. Nascido em Itabaiana, na Paraíba, Vladimir militou no cineclubismo e na crítica em João Pessoa, após breve participação em “Aruanda”, filme de Linduarte Noronha. Ele realizou alguns documentários, dentre eles “A Pedra da Riqueza” e “O País de São Saruê”. Vladimir morreu recentemente em Brasília, onde residia havia anos, pelo que a APC se solidariza com seus familiares.