Walter Salles: “Ainda Estou Aqui”, Mr. Oscar

Atores Selton Mello Fernada Torres E O Diretor Walter Salles
Foto: Atores Selton Mello, Fernanda Torres e o diretor Walter Salles.

Sem deixar de mencionar, ainda do século passado, as quatro produções brasileiras indicadas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (categoria hoje denominada de Melhor Filme Internacional), sabemos que o cinema nacional jamais pisou no tapete vermelho hollywoodiano. Isso, a partir de O Pagador de promessas de Anselmo Duarte, em 1963, e 90 anos depois com O Quatrilho de Fábio Barreto, seguido de O Que é isso companheiro? de Bruno Barreto, e Central do Brasil de Walter Sales. O Oscar, nessa categoria, sempre foi a pedra no sapato do cinema nacional.

Sabe-se também que a única vez que o Brasil conseguiu ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro foi com Orfeu Negro, direção de Marcel Camus. Mesmo assim, tenha perdido a famosa estatueta para a França, simplesmente porque o diretor do filme era francês. Apesar de Orfeu Negro portar todas as características de brasilidade – quase totalmente filmado no Rio de Janeiro, com música de Tom Jobim e falado em idioma português. Isso aconteceu em 1960, três anos antes de O Pagador de promessas de Anselmo Duarte ter tentado igualmente o Oscar, após ganhar a Palma de Ouro de Melhor Filme do Festival de Cannes, na França.

Com a chegada do novo século, o cinema brasileiro continuou tentando. No entanto, a privação parece não ter fim para as produções nacionais e seus realizadores.

Nesses últimos anos, tem sido patente que a situação nos bastidores do “cinema Tio Sam” tem mudado, quando se trata de escolha das produções de outros países concorrentes à categoria de Melhor Filme Internacional, junto à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Atualmente, levando em conta aquilo que sempre temos observado, amargamos mais uma decepção que foi, dentre as muitas que já ocorreram nesses anos todos, a indicação pela Academia Brasileira de Cinema ao Oscar/43 de Retratos Fantasmas, documentário pernambucano.

Este ano, com as novas tecnologias de guerra bombando por aí, também a Natureza revirando o mundo de ponta cabeça, não acredito muito no drama documental de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Não pelo filme em si, obra bem cuidada e séria, tampouco pelo diretor de capacidade já reconhecida em Central do Brasil (1998), indicado também ao Oscar daqueles tempos, mas porque o seu novo filme não diz sobre os tempos e mundos atuais. Exemplo recente, os ganhadores no Oscar do ano passado: Melhor filme Oppenheimer (pai da Bomba Atômica), e Melhor filme estrangeiro Zona de Interesse, sobre uma família alemã residindo junto ao campo de concentração em Auschwitz, em pleno Holocausto da Segunda Guerra. Ainda Estou Aqui é filme que resgata a vida difícil da mulher Eunice Paiva (papel vivido por Fernanda Torres) e seus filhos, no período da ditadura militar no Brasil, depois que seu marido Rubens Paiva, político influente na época, é preso e dado como morto, personagem interpretado pelo ator Selton Mello. Aguardemos, pois, a seleção pela AACC de Hollywood.


Quinta-feira passada, obedecendo calendário de encontros mensais, a Academia Paraibana de Cinema (APC) promoveu, às dez horas da manhã, sua reunião ordinária do mês. O encontro com seus integrantes aconteceu na Sala “Antônio Barreto Neto”, na nova sede em Tambaú.

Na ocasião foram tratados vários assuntos relacionados ao programa de eventos para outubro e meses seguintes, com ênfase aos acordos da APC junto à União Brasileira dos Escritores-seção Paraíba. O encontro teve na presidência o prof. João de Lima Gomes, titular da APC.