O Cinema é uma forma de arte que floresceu pelo impulso de uma simples e rústica manivela, sob a dinâmica de 24qs (vinte quatro quadros do segundo). Isso, lá pelos idos do final do século dezenove, para dar mobilidade às imagens criadas por uma outra arte precursora: a Fotografia. Posteriormente, dando-lhe “voz e cor”, o cinema marcou espaços não só como meio de entretenimento, mas, usando de sua capacidade mais importante, a da representação das coisas e de vida na Terra. Durante mais de em século, o cinema passou por incursões bem consideráveis e inovadoras, tecnologicamente.
Já na década de 1950, pelo que me consta, a move-art teria sua primeira experiência transformadora na maneira de exibição de seus filmes, com o 3D (Terceira Dimensão). Lembro dessa época, ainda muito jovem, vendo o espanto no rosto do espectador nas salas de projeção assistindo a filmes com o novo recurso tecnológico. Recurso que “virtualizava” objetos e personagens saindo da tela e indo ao encontro da plateia, com todas aquelas pessoas usando óculos especiais recebidos na entrada do cinema. Uma experiência que não vingou, por ser custosa para as empresas exibidoras.
O segundo momento inovador no cinema foi a introdução do Cinerama. Sistema de projeção de imagens não apenas numa tela convencional, mas em grand écran dividido em três partes. Uma tela central, mais duas em conexão lateralmente, na sala de projeção. Todo sistema acompanhado também do novo som Dolby Stereo. Época das grandes produções do cinema americano, como Apocalypse Now de Francis F. Coppola, e de Guerra nas Estrelas de George Lucas.
Hoje em dia, a famigerada indústria cinematográfica busca se engajar aos novos recursos tecnológicos (inclusive IA) para competir com as redes sociais. E essa situação vem influenciando as atuais gerações, inclusive acadêmicas, na busca de tratamento diferenciado da “imagem cinematográfica”, conceito visual de havia muito firmado, cientificamente, como cinema. Sabendo-se que o étimo da palavra Cinema, originalmente, indica ser uma arte que produz imagens em movimento sobre uma realidade existente – ou, supostamente existente. Daí as categorias “documental” ou “ficcional”.
No entanto, a “modernice” exagerada ao se abordar o tema das tecnologias, como recurso de novas ações, tem deixado sérias preocupações. Sobretudo, em razão de uma atividade considerada tradicionalmente “cinematográfica”. Mais ainda, quando tais inovações são instruídas academicamente, sob uma prática considerada “aprendizagem imersiva”. Ou seja, o uso de algumas ferramentas consideradas especiais como realidade virtual, inteligência artificial (IA), entre outras, de feição meramente individual, exercício ainda no campo das hipóteses, que muito vêm impactando as novas gerações. A rigor, cinema sempre foi uma arte direcionada ao coletivo: jamais à individualidade. E aqui ficaria um aviso já conhecido: “Por se tratar de uma modalidade relativamente nova e pouco explorada, o ‘cinema imersivo’ se enquadra em uma série de experiências diferentes envolvendo não só cinema e tela…”
APC reúne diretoria já em sua nova sede
A Academia Paraibana de Cinema (APC) realizou a primeira reunião de diretoria, na quinta-feira passada, já em sua nova sede situada no Centro de Cultura da Fundação Casa de José Américo, em Tambaú. Nessa oportunidade foi acertado, para inda este mês, o lançamento do livro “Menino de Cinema”, um relato histórico sobre a vida de um dos pioneiros do cinema paraibano, Severino Alexandre dos Santos, Patrono da Cadeira 05 da APC.
Durante a reunião, foi também registrada a recente ida do presidente da APC e prof. João de Lima à Campina Grande, acompanhado de alunos do curso de cinema da UFPB, sendo recebidos pelo cineasta e prof. Hipólito Lucena, no Centro de Arte e Cultura. Ocasião em que se discutiu sobre acervo do cineasta Machado Bittencour, com exibição de seu filme “Parahyba”, em parceria com o confrade Alex Santos. As obras dos cineastas Rômulo e Romero Azevedo, também da APC, foram igualmente exibidas da oportunidade.