A trajetória do cinema paraibano, até hoje reconhecida mediante uma literatura sobretudo específica, sempre teve o respeito da opinião pública. A razão disso é bastante simples, levando-se em conta as atitudes firmes, na maioria das vezes isoladas, de seus realizadores. Também, de iniciativas de alguém que vê no cinema algo mais que a possibilidade de assistir a um filme de sua preferência ou simplesmente, de acionar a própria câmera-filmadora, buscando “filmar” as imagens de seu particular encantamento. Um costume cada vez mais raro, que está sendo substituído por “gravar” suas imagens em apenas um celular.
E por aludirmos a “atitudes firmes e isoladas”, curiosamente originais do ponto de vista de pessoas sempre atentas ao cinema, analisando-o como uma forma múltipla sobre todas as artes, é que incluímos fatos como o advento das instituições valiosas e representativas do bom e sério cinema.
A literatura especializada, bem como a própria história, tem mostrado que são as instituições de cultura cinematográfica que foram criadas –, desde a Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, nos anos de 1950, até a recente Academia Paraibana de Cinema (APC) –, as legítimas responsáveis pela singularidade da move-art em nosso estado. São ações motivadoras na criação de vários cineclubes, por exemplo, não só em João Pessoa, mas pelo interior paraibano.
No caso mais recente, poderia citar o esforço quase que individual de um dos remanescentes da “Geração 50”, que, recebendo o apoio de parceiros também cientes do real valor da cultura cinematográfica entre nós, criamos a nossa atual Academia de Cinema. Uma entidade que vem cumprindo o seu nobre papel de tentar socializar ainda mais uma cultura fílmica entre nós. Finalidade muito bem observada pelo historiador paraibano José Octávio de Arruda Melo, quando afirma em um de seus artigos de época, para A União:
“Muito bem posta e ainda melhor executada essa ideia de criação da Academia Paraibana de Cinema. Liderada por Wills Leal, Alex Santos e José Bezerra Filho, sendo o primeiro um de nossos mais criativos intelectuais, o segundo cineasta na plena acepção do termo, e o produtor de O Salário da Morte (1970), a APC despontou sob aplausos praticamente unânimes.” Em quase vinte anos de sua fundação, em 2008, a APC teve em seu comando o jornalista Wills Leal, em duas gestões seguidas, sendo substituído pelo saudoso professor Moacir Barbosa de Sousa, e também pela atriz Zezita Matos. Agora sob a presidência do professor João de Lima Gomes, a Academia Paraibana de Cinema ganha uma nova sede, no centro do bairro de Tambaú, na Unidade de Cultura da FCJA.
APC já tem uma nova sede na Capital
Uma comissão de diretoria da Academia Paraibana de Cinema (APC), formada pelos acadêmicos João de Lima Gomes presidente, Mirabeau Dias vice-presidente, e Alex Santos conselheiro, visitou esta semana as novas instalações da entidade, nesta Capital, onde passará a funcionar já no início de setembro próximo.
O novo local da APC é a Unidade de Cultura da Fundação Casa de José Américo localizada próximo à Esquina 200, em Tambaú, na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Lá, serão realizados agora os encontros de cinema e as reuniões formais de diretoria. Uma das agendas para setembro será o lançamento de livro sobre a vida e obra de um dos patronos da entidade.