O cinema e o frenesi dos governantes

Obras Assim Sempre Foram A Tradicao Do Cinema Paraibano
Foto: Obras assim, sempre foram a tradição do cinema paraibano.

O discurso atual das instituições de governo continua o mesmo, quando se refere ao incremento da produção cinematográficas. Seja aqui ou alhures, a coisa quase sempre se repete, em falações cheias de frenesis realizada pelos emissários dos poderes públicos.

Próximo às eleições, então, as promessas de milhões de reais são feitas nesses encontros e entrevistas, buscando-se maior atenção da classe cultural para um segmento que, aliás, ela tão bem representa. Sobretudo, o Cinema. Usa-se de repetidos argumentos, inclusive, relevando costumeiros entraves na liberação de recursos de propostas antigas, em nome do chamado trâmite burocrático; (diria “burrocrático”).

Temos acompanhado, surpresos, durante todos esses anos, um monte de benefícios oferecidos à Cultura, não só para o financiamento de sua produção, nos mais distintos segmentos artísticos. Também, destinados à concepção de novas instituições representativas.

Na semana passada, por exemplo, viu-se mais um desses “prodigiosos” encontros de cinema, coordenado por um gestor público, boas falas, dizendo-se conhecedor bastante do mercado cinematográfico. Tentava ele explicar os “novos modelos” a serem seguidos e doravante aplicados ao nosso cinema. E louvava aos céus, “porque agora tudo vai sair do papel”, referindo-se às leis de incentivos à cultura, que atualmente existem e vivem “pingando” sinecuras aos quantos buscam esses apoios. São recursos oriundas sobretudo da esfera federal, numa situação que é controlada por estados e municípios. E só agora, a Prefeitura de João Pessoa acaba de informar sobre a criação de uma nova Agência de Cinema e Audiovisual (Acap), e que seu projeto fora aprovado na Câmara Municipal, junto ao Fundo Municipal do Audiovisual (FMA). Fica-se na reserva, então, que a tão ostentada Acap não seja mais uma frustração…

Certo mesmo, é jamais confundir tradição do cinema paraibano, durante todos esses anos (que sempre considero uma experiência “artesanal”, lúdica), com um verdadeiro mercado cinematográfico. Afirmações que são feitas por alguns desses agentes culturais, de que “agora o nosso cinema é a bola da vez”, alegando existir mercado real de um cinema paraibano, é pura falácia! Mais grave ainda, quando se toma por justificativa, algumas estatísticas que são contrárias à realidade do nosso verdadeiro cinema paraibano. Por exemplo: “Pessoenses compraram 1.253.235 ingressos de cinema, no ano de 2017”. Referências como essas, admitidas publicamente, em razão de um real cinema de mercado, como foi o caso, não dizem respeito ao exercício da arte cinematográfica feita em nosso estado, que sempre teve uma característica “não comercial”. Hoje mais ainda, frente a um mercado totalmente controlado por Streaming.


A Academia Paraibana de Cinema, convidada pela Secretaria de Cultura de Sapé, interior da Paraíba, compareceu à inauguração da sala de cinema de rua, para reverenciar a memória do cinéfilo sapeense Arthur Coelho. Ele, que é destacado por suas atividades cinematográficas, também fora da cidade de Sapé, inclusive com atuações na distribuidora Paramount Filmes.

O presidente da APC, prof. João de Lima esteve presente no evento, e na oportunidade manteve contatos com dirigentes da iniciativa naquela cidade, também com Ana Almeida, atual Presidenta da Academia Sapeense de Letras, Artes e Cultura. O projeto recebeu o apoio da Lai Paulo Gustavo.