
Não só na presidência da Academia Paraibana de Cinema – até então, uma gestão altamente construtiva, elogiável do ponto de vista institucional – a atriz Zezita Matos tem se destacado. Seu raio de ações é admirável, tanto no teatro, como em cinema e na televisão. Ela tem se mostrado uma das atrizes mais singulares que conheço. Isso mostrado, logicamente, pela versatilidade dos personagens que tem protagonizado.
Agora, a atriz paraibana nos dá mais uma prova de sua aptidão e desvelo, interpretando Anna Margot. Personagem criado das inquietas elucubrações de um conhecido médico paraibano, que tem mostrado seu amor à Cidade de João Pessoa, não apenas em seus escritos e livros publicados; mas, também, em alguns audiovisuais realizados, inclusive, com a minha parceria.
Após a realização de Antomarchi (leia-se, igualmente, Mirabeau Dias), lá pelos idos da primeira década desde século, passando por Américo – Falcão Peregrino e, recentemente, Poltrona Rasgada, os três audiovisuais em média-metragem, chegou a vez de Anna Margot. Uma realização baseada no conto “A Visita Médica”, que o próprio Manoel Jaime Xavier publicou na Revista da Academia Paraibana de Medicina, da qual é integrante. Ficando patente que, de médico, escritor e videomaker, terá sido a vida do amigo Jaime, até agora.
Pois bem, lendo o conto do parceiro Jaime, uma luz acendeu de imediato, levando-nos a mais essa iniciativa audiovisual, titulada de Anna Margot, que alguém pode até chamar de “filme”. Nem sempre, a arte de representar fora do teatro, é filme ou cinema…
Embora retrate a conduta de uma senhora comum, de meia-idade, para quem “a vida não tem mais sentido” (que é o caso da paciente do conto de Jaime), a história de Anna Margot,é ficção e traduz esse mesmo desânimo existencial, mas de uma atriz famosa, que não aceita a sua decadência dos palcos e de frente das câmeras, tão pouco, as evoluções tecnológicas. Coisas muito bem assimiladas pela neta Yasmin, que sempre lhe faz companhia.
A cidade é completamente outra. Cresceu vertical e horizontalmente. No Centro Histórico da capital, em que mora Margot, a vida anterior é coisa do passado. Um passado que virou museu. Mas existem pessoas, como ela, que teimam em não querer existenciar o presente das muitas transformações. E “vegetam” só das memórias, renegando as inovações. Visto que, sua mise en scène nos palcos teatrais e cinema, criaram-lhe um universo mágico, ao qual ainda se sente presa. Ao lado de uma igreja do século XIX, no primeiro andar do sobrado onde reside, antiga pousada, hoje sem o charme da pós Belle Époque, em ambiente totalmente descuidado, a anciã guarda alguns retratos que mostram quem foi e ainda é a sua dona – Anna Margot. Quando ainda bela e jovem, uma atriz que viveu instantes do maior glamour. Um rústico crucifixo de ferro e alguns quadros pendurados na parede, além de livros registram sua fé e paixões na vida pelo teatro, cinema e por Paris. “Cidade-Luz”, na qual permaneceu anos de glamour, sob os holofotes e muito sucesso como atriz.
APC vai celebrar o Dia Mundial do Cinema
A Academia Paraibana de Cinema vai celebrar, na próxima quinta-feira, o Dia Mundial do Cinema. O encontro acontecerá nas dependências do Cine Mirabeau, no bairro do Bessa, nesta Capital, com início previsto para 9 horas da manhã. A sessão será para integrantes da APC e pessoas convidadas.
Segundo a programação, na oportunidade tomará posse a nova diretoria e conselho da entidade, para o período de 2024/2026. Após a fala dos novos dirigentes, será exibido o audiovisual Anna Margot, protagonizado por Zezita Matos, realizado por integrantes da APC, para homenagear a atriz paraibana do teatro, cinema e televisão.