O cinema clássico já não é aceito como deve

Foto: O paraibano Everaldo Pontes, sempre em boas atuações.

Motivado por um filme nacional e seu diretor – também um elenco de atores paraibanos de primeira linha –, frequentei pela última vez uma sala de cinema em João Pessoa. Não que elas hoje não existam, mesmo em malls, mas pela falta de sua “personalidade clássica”. Pelo menos pra mim. Cinema em shopping center não tem mais aquele mesmo fascínio, e que nos envolvia a todos, formalmente. Sua clientela atual (confirmado está) não utiliza mais do ritual de “se ir ao cinema”; mas, de ir ao shopping. Assistir a um filme será um motivo a mais de quem frequenta esses centros comerciais. Cinema já não é o objetivo principal. Hoje mais ainda, com essa coisa da “compra-casada” do ingresso+pipoca+refrigerante, sei lá mais o quê?…  

Tal situação nos leva a pensar o seguinte: será que o Cinema perdeu o seu glamour, a sua magia? Sinceramente, acredito que não! Apenas o olhar das pessoas mudou sobre a moving art nascida do sonho, do entretenimento.

Na semana passada, aqui mesmo nessa “domingueira” de A União, falava sobre a importância do cinema como a arte de todas as artes. Recentemente, em colóquio com o pai do netinho Arthur Luna (meu “cinemista”), Diego Luna Palitot – advogado dos bons e assistente jurídico da Defensoria Pública do Estado –, ponderamos a questão de “se ir ao cinema”. Conversa vai, conversa vem… Também, sobre uma das especialidades advocatícias dele, que é a dos conflitos interpessoais de famílias. Foi quando lembrei de um filme nacional que me fez retornar a uma sala de cinema de shopping, como disse antes, pela última vez: Abril Despedaçado. Obra que reassisti esta semana em plataforma de streaming, pelo YouTube.  

Algumas razões, confesso, me motivaram a ir assistir a um filme em sala de shopping, isso, havia algum tempo longe delas. Primeiro, por ser um filme de Walter Salles (Central do Brasil), diretor de mais uma obra na abordagem das questões de conflitos de terras no Nordeste brasileiro, filme premiado dentro e fora do país. Mais ainda, porque do seu elenco vários paraibanos tiveram vez. Além do diretor de fotografia Walter Carvalho, pelo menos cinco ou seis atores participaram de Abril Despedaçado – José Dumont, Everaldo Pontes (irmão da atriz Zezita Matos), Luiz Carlos Vasconcelos, Soia Lira e Ravi Lacerda, que faz um garoto levado pelos traumas familiares.

É um filme interessante, que realmente humaniza cada personagem. A participação do ator Everaldo Pontes, interpretando um cego fazendeiro, é especial. A cena em que ele faz analogia ao tempo do velho relógio na parede, ao sentenciar o filho (Rodrigo Santoro) de seu opositor e também fazendeiro da região (José Dumont), é realmente sintomática. Sinceramente, Abril Despedaçado é um filme que indicaria a assistirem, mesmo que não seja em sessão verdadeira de cinema; mas, domesticamente pela Internet.


APC define pauta para o segundo semestre

Academia Paraibana de Cinema, reunida na semana passada no Cine Mirabeau, no Bessa, discutiu e aprovou sua programação para o segundo semestre deste ano, resultando na seguinte pauta:

01. A presidente da APC, Zezita Matos, continuará mantendo contato com outras instituições culturais da Paraíba, ligadas ao cinema e ao teatro;

02. Será agendado ainda este ano, um encontro entre a presidência da APC e o SATED/PB – Sindicado dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões Públicas e o SICAV, que é interestadual, visando parcerias;

03. A Celebração do Dia Mundial do Cinema (28 de dezembro) será no Cine Mirabeau, com uma programação especial de troca de comando da APC e a exibição de lançamento de um audiovisual recém produzido na PB.