No caminho, uma pedra simboliza a nossa história

Foto: ‘Parahyba’ (o filme) da colonização à Revolução de 30.

Na semana passada, aqui mesmo na coluna, falei sobre o meu interesse pela História da Paraíba. Coisa, como já sabem, que não é de hoje. Até revivi alguns trabalhos em cinema e vídeo que realizei, inclusive com a parceria de bons amigos. Alguns, já de saudosa memória.

Em um desses momentos, enquanto discutíamos como homenagear o quarto centenário da Paraíba, em cinema, encontro então realizado no mesão do IPHAEP, uma questão por mim foi posta: Parahyba (filme a ser realizado) deveria iniciar “no hoje”, com um marco urbano da cidade, que nos levasse às origens históricas; ou não?

Desse encontro participou o prof. José Octávio de Arruda Mello – à época na Diretoria Geral de Cultura –, Barretinho e Juremi Machado Bitencourt, que eu convidara para as filmagens do novo documentário paraibano, em 16mm ou 35mm, por ele já dispor da Cinética Filmes Ltda, em Campina Grande. Bitencourt foi então enfático, em sugerir o início do filme já com um invasor português (personagem que foi interpretado por meu saudoso amigo Moacir Barbosa de Sousa) em confronto com um nativo, na selva, simbolizando um ato de resistência à dominação estrangeira nas terras Tabajara e Potiguara. E que o filme não teria entrevistas, para fugir do habitual modelo televisivo da época dos anos de 1985, mas uma narração, locução que terminou sendo feita pelo ator Othon Bastos da tv Globo. De pronto, acatamos a sua sugestão…

Pois bem. Mas, ficou na minha mente aquela máxima poética de Carlos Drummond de Andrade, que diz: “No meio do caminho tinha uma pedra...” Ora, se tínhamos um marco pétreo singular sobre a fundação da cidade de Filipeia, visivelmente ao lado da Catedral Metropolitana, por que esquecê-lo?

Drummond, então, continuava me fustigando mentalmente: “No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho…” Mas uma coisa era certa na ideia de Bitencourt: seria um documentário sem utilização de um discurso rebuscado, com o uso de uma “elipse de tempo”, por exemplo. Já que seria um filme também destinado às escolas de ensino médio da Rede Pública do Governo do Estado.

Assim foi a saga de Parahyba (o filme), que fora montado/finalizado em São Paulo, pelas mãos de um outro paraibano de saudosa memória, João Ramiro Melo. Esse, hoje Sócio Benemérito da Academia Paraibana de Cinema. Parahyba, à época, conseguiu prêmios nos festivais do Maranhão, Fortaleza e Brasília do Cinema Brasileiro.

Esta semana, em matéria de A União, novamente sou levado a admitir que existe de fato e de direito uma pedra “no meio do Caminho”, como diz Drummond, a ser considerada em tudo que registremos sobre a História da Paraíba. Uma pedra-símbolo da cidade, que, pelo que nos foi mostrado em fotos, carece de mais cuidados pelo Poder Público. Em agosto deste ano, Parahyba (o filme) completa 38 anos de realização. Também um marco do cinema paraibano de todos os tempos, que me lembra um amigo de tantas sagas. Um JUREMI, cujo próprio nome se origina na lógica introspectiva e na comunicação.


APC: Cronograma de ações na semana

A Academia Paraibana de Cinema, sob o comando da presidente e atriz Zezita Matos, reunirá sua diretoria na próxima quarta-feira (21), para definir seu cronograma de ações para até o final do ano. Da assembleia participará o vice-presidente da entidade, prof. João de Lima, e membros conselheiros. A reunião será pela manhã, na sala do Cine Mirabeau, no Bessa, nesta capital.

CONSATEDS – A atriz Zezita Matos fez parte, na semana passada, do 1º Congresso Nacional dos Sateds, realizado nos salões do SESC Cabo Branco, João Pessoa. Promoção do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões, que teve como patronos o ator Stepan Nercessian e a titular da APC e atriz Zezita Matos.