Cinema pirotécnico é um imperativo de mercado

Foto: Top Gun Maverick da Paramount Pictures, com Tom Cruise, no Oscar-23.

Sempre soube que cinema é, antes de tudo, diversão. Disso, não tenho a menor dúvida. Mesmo porque vivi de salas de exibição de filmes com o meu saudoso pai por mais de trinta anos, desde que eu tinha sete anos de idade.

Também, novidade alguma não é que a indústria do cinema, sobretudo a hollywoodiana, sempre buscou muito mais “faturamento” que qualquer outra coisa. Lógico, isso em razão dos temas que abordou – espaciais ou não –, trazendo o apocalipse e seus super-heróis ao delírio da massa habituée dos nossos cinemas. Quando não, protagonizando-se através de seus “monstros sagrados”, tantas vezes laureados com o famigerado Oscar de Melhor Ator, Melhor Atriz, então estereotipados na história da Sétima Arte.

Quiçá, pergunte o leitor, qual o sentido dessa história toda? Responderia sem hesitar: o Oscar mais uma vez (agora em março) tem sido, quer se queira ou não, o termômetro para se medir tudo que ainda se faz em cinema, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo. Notadamente, nos dias de hoje, em se tratando do que chamo de “pirotecnia visual exacerbada”, como finalidade da linguagem narrativa, esquecendo o puramente lúdico e real.

Com o avanço da tecnologia eletrônico-visual/sonora, como recurso de edição e de finalização dos filmes, pelo que vimos notando, tem-se distorcido os fatos, avançando para o plano “virtual” (aquilo que poderia ser); não ao que é real. Inclusive no existencial das pessoas e dos eventos. São recursos eletrônicos cogentes e imperativos, mas só à “aventura sideral” de mercado.   

Sei também que – e usando de uma metáfora – o enigma do cinema está no sortilégio de seu ecrã. Como tenho ainda a certeza de que o mistério do Cinema está nele mesmo; na magia de seu ecrã fulgente, que nos transporta, nos devaneia, nos enfeitiça… Daí a sua existência até os dias atuais; mesmo sob moderna roupagem. Mas, pra tudo deve haver um limite… E para quem existenciou o cinema desde logo cedo, até de forma estoica, este é um aforismo que trago sempre comigo, a partir de minha adolescência. Mais ainda, quando busco hoje comparar a realidade de um cinema primitivo às atuais convenções formais da tão alardeada “virtualidade estética”. E isso me dá a confirmação de que, só pela sua forma de Representação das “coisas” – pessoas e fatos –, podemos conferir esse mister ao bom cinema; porquanto ser a performance adequada do fato, o revisor de uma realidade existente nas formas de imagens e sons projetados numa tela. O que tornaria o cinema a verdadeira, inequívoca, Arte do entretenimento; e não só isso, mas um meio à reflexão do mundo real, das coisas e das pessoas.


APC reúne diretoria na próxima quarta

De acordo com seu calendário de reuniões, previamente aprovado para 2023, a Academia Paraibana de Cinema promoverá um encontro de diretores e associados na próxima quarta-feira, dia primeiro de março.

O vice-presidente da APC, professor João de Lima, confirmou as reuniões quinzenais, sempre pela manhã, quando serão discutidas pautas e ações a serem desenvolvidas este ano. Acordos neste sentido estão sendo mantidos entre a direção da Academia e o proprietário do Cine Mirabeau, situado na Av. Fernando Luiz Henrique, no Bessa, nesta Capital.