Um genial violinista mirim e seu “cântico”

Foto: Luke Doyle interpreta Dovidl, o garoto violinista.

Muito já se comentou sobre negligência ou receio do mercado em lançar um produto qualquer, em tempos que lhe tragam restrições de consumo. No cinema isso não é novidade alguma, pelo que se tem acompanhado nesses últimos anos, sobretudo por algumas produtoras/distribuidoras de filmes. Mais ainda, levando-se em conta alguns recentes episódios. Notadamente, aquelas realizações que tratam de temas sociais e politicamente convulsivos, como tem sido os de ameaças golpistas e intervenções.

Lançado em 2020, mas só agora chegado ao streaming, pela Netflix, um filme realmente intrigante, embora trate de um tema ameno como música. E nenhuma palavra seria mais adequada, levando em conta, inclusive, a sua origem francesa (virtuose), para rotularmos o entendimento e competência técnica no manuseio de um violino, como a de um menino de apenas 12 anos de idade, no filme O Cântico dos Nomes.

Afirma-se que a perfeição no fazer artístico tem sido atributo de poucos, notadamente na música; esse é o foco do filme que assisti esta semana. Aliás, uma história sensível e de época, que não só trata da virtuosidade musical de um garoto judeu, mas inclui toda uma filosofia de vida e religiosa judaicas, em tempos de ocupação alemã na cidade de Varsóvia, na Polônia.

O título do filme, inclusive, traduz muito bem uma clássica cerimonia do povo judaico (O Cântico dos Nomes), quando da homenagem aos seus mortos. Sendo ainda tradição no judaísmo colocar uma pedra grande sobre o túmulo de seus falecidos, o que chamam de matsevá, com as devidas inscrições.

Dirigido pelo canadense François Girard, já a partir do título (Cântico) o filme se mostra compatível com uma proposta musical, em razão do papel do garoto Dovidl (Luke Doyle), considerado um fenômeno para os que buscam talentos, numa época ameaçada de invasão pelas tropas de Hitler, na Londres de 1943. Situação já vivendo de fato a cidade Varsóvia, terra do violinista mirim, adotado por uma família inglesa, ganhando um “irmão” Martin (Misha Handley) que o acompanhará sempre em seus estudos num conservatório de música, na terra da rainha.

Mais um filme a narrar o receio do povo europeu sobre Segunda Grande Guerra, de uma intervenção nazista na Europa. Contudo, a narrativa do filme não se detém na questão político-social de então, mas com a individualidade judaica do garoto Dovidl e seus costumes. Sobretudo a sua música. Aliás, uma característica de François Girard, diretor deveras premiado com outras boas  realizações de idêntico conteúdo musical, desde 1994 – O Gênio e Excêntrico Glenn Gould  e O Violino Vermelho. Portanto, O Cântico dos Nomes é um filme para ser visto e repensado, até em razão das muitas crenças então existentes neste mundo…


Zezita Matos homenageada em Guarabira

A presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos, continua sendo homenageada em eventos de artes, dentro e fora do estado. Esta semana foi na cidade de Guarabira, representando a APC na Feira de Artes daquela cidade, que celebrou os 100 anos do clássico popular “Pavão Misterioso”.

Dentre outras ações da APC, a diretoria da entidade já se programa para recriar nas escolas de ensino médio atividades do antigo Cinema Educativo da Paraíba, do saudoso fotógrafo João Córdula, patrono da APC, cadeira hoje ocupada pelo professor João de Lima, vice-presidente da Academia.