Destino e resistência ao despotismo

Foto: O joalheiro judeu (E) e o casal francês, em ‘O Destino de Haffmann’.

Em tempos de desordem social, rotulada por muitos de mero “fascismo”, cometida por uma militância partidária da direita, e sob adoidadas tentativas de desestabilização de um governo legitimamente eleito pela maioria do povo, constitucionalmente, filmes sobre tais inquietações extremas houve de nos chamar realmente a atenção.

Incivilidade igualmente deplorável, mas inversa àquele mau exemplo de 8 de janeiro deste ano, em Brasília, perpetrada por autoridades de um regime de força – tirano, déspota e genocida, durante ocupação do nazismo em países da Europa, notadamente na França –, dois filmes sobre o tema e época, que ainda não os tinha assistido, fizeram parte esta semana de minha preferência.  

Abordando o trágico que foi a homicida presença dos alemães, sobretudo em Paris, mais dois filmes no streaming se destacam atualmente: O Destino de Haffmann, do francês Fred Cavayé, e Resistência, dirigido pelo venezuelano e escritor Jonathan Jakubowicz, descendente de judeus poloneses.

O primeiro, uma produção bélgico-francesa lançada no ano passado, é uma obra que vai fundo ao ceticismo de seus personagens, buscando traduzir a natureza humana diante do momento de incertezas e medos em que vive a população francesa, sobretudo judaica. Drama “noir” carregado de emoções existenciais, de um casal francês que não consegue ter filho, sendo amparado pelo patrão judeu (Sr. Haffmann), dono de joalheria no centro de Paris, numa relação de conflitos e adaptações, inclusive, diante das ameaças e perseguições de oficiais nazistas, que permeiam toda a cidade.

Laureado no Festival du Film de Sarlat, em 2021, O Destino de Haffmann ganhou ainda o prêmio de Melhor Atriz para Sara Giraudeau, interpretando a esposa Blanche, de François Mercier (Gilles Lellouche), empregados da loja do Sr. Haffmann, que é protagonizado pelo veterano ator francês Daniel Auteuil, com uma excelente atuação. A trama do filme acontece justamente em 1942, durante a Segunda Grande Guerra.

O outro filme é Resistência, do diretor Jonathan Jakubowicz, vencedor do “Prêmio da Paz do Cinema Alemão 2020”, que tem uma narrativa menos densa e com base em fatos reais. Trata-se de um episódio igualmente sério, causado pelos alemães em território francês, no encalço às famílias e suas crianças judias, principalmente. É um drama que vem de ser amenizado, de certa forma, pela presença do mímico Marcel Marceau, interpretado pelo ator e humorista Jesse Eisenberg, personagem ligado à Resistência Francesa, que ajuda muitas das crianças, escondendo-as em abrigos. Fato esse que ficou na história. São obras que nos fazem repensar o quão trágico e desconfortável aquele período do golpe militar de 1964, no Brasil.


APC traça metas para 2023

Reunidos presencial e virtualmente na Sala do Cine Mirabeau, no Bessa, em João Pessoa, membros da diretoria e conselheiros da Academia Paraibana de Cinema definiram algumas ações para 2023. Em pauta, no encontro, foram reavaliados alguns projetos realizados até agora, bem como os que deixaram de acontecer, na atual gestão presidida pela atriz Zezita Matos. 

Objetivamente, dentre as propostas apresentadas e avaliadas para este ano, duas foram aprovadas de imediato, inclusive para ainda este primeiro semestre: Contato com a UFPB, para realização de sessões de filmes especiais no Cine Aruanda, no Campus I; e a criação do Cinema Educativo da APC, com o objetivo de levar a alguns colégios da Capital, inicialmente, a proposta da criação de cineclubes, objetivando o lazer de crianças com exibição de filmes.