Obra que faz lembrar os tempos áureos do cinema

Foto: Jornalista e cineasta pernambucano Fernando Spencer.

A cidade do Recife, durante muitos anos, semanalmente, foi uma visita obrigatória em minha vida, filho que era de exibidor na cidade de Santa Rita. Foi lá que conheci e dialoguei com muita gente ligada ao cinema. Tanto das distribuidoras de filmes – Columbia, Universal, Paramount, RKO, como das nacionais UCB, Atlântida – todas, com as quais trabalhávamos. Também, tive parcerias com amigos da imprensa, dentre eles, Celso Marconi, do Jornal do Commercio, e Fernando Spencer do Diário de Pernambuco. Isso tudo, entre os anos de 1970 e 1985. Um vínculo profissional em cinema e que jamais esqueci. Uma trajetória sobre a qual já me referi anteriormente, aqui mesmo nas domingueiras de A União e nas publicações que tenho escrito.

Esta semana – via João Batista de Brito, parceiro nosso aqui do “batente” –, tenho em mãos um calhamaço com mais de 380 páginas sobre o tradicional cinema do Recife. Em especial, uma Antologia da Crítica Pernambucana. Obra que resgata o período de grande euforia na Sétima Arte (1924/1948), indo das primitivas sessões com o Cinematographo às “crônicas recifenses” dos matutinos e jornais pernambucanos.

O livro, fruto do casal de pesquisadores André Dib e Gabi Saegesser, com o apoio de algumas instituições, inclusive da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), é ricamente ilustrado. A obra me deu uma nostalgia danada. Não que tenha vivido nesse tempo, mas por conhecer de perto essa história de época por meio de estudos e pesquisas. Mais ainda, por ser (como diria o meu netinho Arthur Luna) um “cinemista” ardoroso das coisas dessa bela e apaixonante arte…

Lendo o livro de Dib & Gabi, em verdade, busco rebobinar um passado que também foi meu. De quando fazia “ponte” entre as distribuidoras acima citadas e os cinemas do meu pai Severino Alexandre Santos. Invariavelmente, todas as quintas-feiras estava eu em Recife. Saia de casa ainda muito cedo, pilotando um Fuscão-1.500, e só chegando na “cidade das pontes” depois de nove horas da manhã. Tamanha era a dificuldade naquelas estradas, alguns trechos ainda de barro batido, como os das proximidades de Goiana. Apesar disso, era uma aventura prazerosa, em função de uma atividade profissional que sempre exerci com paixão: o Cinema. Regozijei-me lendo Antologia da Crítica Pernambucana, rica coletânea sobre imprensa e cinema recifenses, do Dib e sua parceira Gabi. Igualmente, rendo homenagem ao também homem de imprensa e de cinema, Fernando Spencer, falecido em março de 2014, com quem tive algumas parcerias ao exibir o nosso “curta” Parahyba na Fundação Joaquim Nabuco, em dezembro de 1985, época em que Spencer era um dos diretores daquela instituição.


APC participa de evento no Talhado-PB

Representando a Academia Paraibana de Cinema, a presidente Zezita Matos e o vice-presidente João de Lima, já se encontram na Serra do Talhado, no município de Santa Luzia, no interior da Paraíba, participando do evento “Talhado no Cinema, Cinema no Talhado”. O encontro vai até amanhã, com debates sobre o cinema paraibano e brasileiro, com participação do cineasta carioca Silvio Tendler. No evento será exibido o curta-metragem Aruanda de Linduarte Noronha, cujas filmagens foram feitas no Talhado, nos anos 1960.

Zezita Matos também faz parte, como atriz, do filme Cercas, de Ismael Moura, que foi exibido na quarta-feira passada nos EUA, dentro do Festival de Cinema de Los Angeles.