“Parahyba” revê atos de resistência à colonização

Foto: ‘Parahyba’ (filme), da colonização à Revolção de 30.

Que fundamentos dispomos para contar a nossa própria história? Essa, que vem sendo narrada sempre por estrangeiros, que, inicialmente, fizeram de nossos ancestrais meros “colonizados”? Pior, desvirtuando os reais fatos acontecidos durante a sua colonização.

Comprovado está, os tais escribas menosprezaram a resistência de uma Nação – quer seja indígena ou territorial – abonando a eles próprios um certo privilégio heroico. O que cabe uma simples indagação: A nós sobrou apenas a inércia nativa e aceitação submissa do domínio estrangeiro? Claro que não! A reação dos aborígenes foi a mais eficaz. Esses, sim, são os legítimos heróis…

No documentário Parahyba, que realizei numa parceria com o cineasta Jureny Machado Bitencourt, com apoio do historiador José Octávio de Arruda Mello, rebobinando versões do insigne paraibano Horácio de Almeida, gestos de aversão ao invasor português, pelos aborígenes, está na emblemática cena de abertura do nosso documentário. Uma tese que sempre defendemos e que contradiz à insistente versão contada pela História Oficial.

Recentemente, por ocasião da efeméride da Independência do Brasil – e sobre sua importância jamais questionaria –, vejo pelo jornal que a polêmica da “resistência nativa”, sobretudo paraibana, aos colonizadores portugueses e outros, precede ao próprio Grito do Ipiranga. Voltou à baila nas exposições do antropólogo Carlos Azevedo, no jornal A União, que tem toda razão em si preocupar com o rumo dado à nossa história.

O filme Parahyba, que foi multipremiado nacionalmente em festivais de cinema, realizado no ano de 1985, portanto, havia 400 anos depois de 1585, data da Fundação da Parahyba, explora muito bem a questão da resistência local aos invasores, quer sejam eles os estrangeiros portugueses, holandeses, franceses, ou que tenha sido por grupos locais cooptados a fazê-lo.

Segundo relato histórico, alguns tabajaras, fugindo do jugo português se fixaram às margens do Rio Paraíba (Samaraguai, à época) e na várzea da hoje cidade de Santa Rita, na localidade que denominaram de Tibiri, talvez numa homenagem a um de seus líderes de nome Tibiriça, que morreu lutando nas terras de São Paulo.

Parahyba deu origem a um audiovisual de análise crítica sobre o evento dos 400 anos, então festejado, e ao próprio filme. São depoimentos de José Octávio, historiador, dos realizadores do vídeo, e do diretor de Parahyba, Machado Bitencourt. “Saga e Cinema no Quarto Centenário da Paraíba”, está no YouTube: https://studio.youtube.com/video/LAgNeizeHM4 Nesses quatrocentos anos de independência, questão sobre resistências (ou não) aos invasores do solo brasileiro arrefece. É sempre assim. Veja-se a polêmica sobre a Amazônia, atualmente…


Intercom homenageia ex-presidente da APC

A Academia Paraibana de Cinema se congratula com os realizadores da Intercom Nordeste, pela homenagem prestada ao professor Moacir Barbosa de Sousa, cadeira 07 ex-presidente desta entidade, falecido prematuramente.

Professor Moacir, que exerceu gestão invejável à frente da APC, também muito querido no Departamento de Comunicação da UFPB, teve participação importante nos encontros da Intercom por todo o país. O ato de homenagem a Moacir se deu na abertura da Intercom Nordeste, no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rêgo, na terça-feira passada, às 19hs, sendo ele representado pela família e alguns amigos.