A história do cinema paraibano é rica de episódios marcantes e de seus atores. Seu script, pelo que se sabe, daria realmente um belo longa-metragem. Exaltando, inclusive, uma narrativa rica de interjeições visuais sobre uma cidade que sempre nos tem dado uma cenografia natural e cinematográfica. Um universo urbano deveras fascinante, que nos faz criar sequências, planos e ângulos, representando-o em sua natureza cenográfica, com a virtualidade audiovisual das nossas criações.
O mês de setembro, sobretudo, faz lembrar de um singular Cinema que me aflora indelével, pelas razões seguintes: o raro nascimento de dois astros cinematográficos, por mim deveras queridos – o meu pai Severino Alexandre dos Santos, estoico reconstrutor das “coisas de cinema”; e o amigo Jureny Machado Bitencourt, com quem muito trabalhei e a quem sempre nominei de “Cigano do cinema paraibano”. Valorosos confrades da Academia Paraibana de Cinema, respectivamente patronos das Cadeiras 05 (a qual hoje ocupo) e a 28, cujo ocupante é o professor Pedro Nunes Filho.
Em especial nesse dia de ontem, sábado 03 de setembro, não só nos fez pensar sobre a urbe em que vivemos, suas belezas e transformações; mas, lembrar de um personagem igualmente importante, que intensamente aqui viveu e “bebeu” das muitas ilusões que tem sido o nosso verdadeiro cinema.
Jureny Machado Bitencourt, natural do Piauí, portanto, não-paraibano, mas que se tornaria em alma e coração, como ele próprio me confirmou um dia, foi um personagem da nossa cena cultural de valor simbólico, sobretudo, pelo seu trabalho por detrás das câmeras.
Fixando-se em Campina Grande na Paraíba, onde se destacou no cenário das atividades artísticas como jornalista, fotógrafo e publicitário, o primeiro trabalho cinematográfico de Bitencourt foi A Feira, um documentário. Foi em agosto de 1974 que ele fundou a “Cinética Filmes Ltda”, com a finalidade de produzir filmes publicitários para a televisão e para o cinema. Embora de forma quase artesanal, a “Cinética Filmes” tinha um estúdio com moviola e até serviços de revelação de negativos, para atender rapidamente à demanda dos filmes que produzia. Fato que relatamos em entrevista, eu e o prof. João de Lima (https://www.youtube.com/watch?v=UUfTGZ4_Myg&t=898s).
Mas, foi trabalhando com os alunos de jornalismo cinematográfico, quando do início da Universidade Regional do Nordeste, que ele realizou, além de inúmeros documentários e publicidades, dois filmes de ficção que se destacaram: Maria Coragem e O Caso de Carlota. E com patrocínio do Governo do Estado, numa parceria comigo Bitencourt produziu, roteirizou e dirigiu o premiado documentário Parahyba (1985) para celebrar o Quarto Centenário da fundação da Paraíba. O que é mais insólito, Machado Bitencourt faleceu em João Pessoa, onde residia desde os anos oitenta, em setembro de 1999. No mesmo mês em que nasceu…
APC felicita sua presidente e atriz Zezita Matos
Academia Paraibana de Cinema, representada por todos os associados, homenageia a sua Presidente, atriz Zezita Matos, pela passagem de mais um natalício, ocorrido no dia 28 de agosto passado. Sua contribuição tem sido notória e honrosa, não só como titular da APC, mas como ocupante da Cadeira 6, cujo patrono é o pioneiro do cinema paraibano Einar Svendsen.
Numa das entrevistas, falando de sua participação no teatro, tv e cinema, e como a boa atriz que é, sobre os personagens que interpreta, Zezita afirma: “… eu acho que me presto mais eles do que eles a mim. Quando acaba, acaba.” Na opinião de seus parceiros acadêmicos – “Quiçá, Zezita, seja esse um de seus grandes atributos como a excelente atriz que é…”