Mestre da Cultura Popular e militante do Cinema

Foto: Zé Nilton (E) fotógrafo de Still, quando das gravações de Romanço do Dinossauro, em Sousa-PB.

Os tempos eram muito diferentes dos de hoje. Sobretudo, em razão da Cultura Popular, que tão bem conheci ao lado de verdadeiros batalhadores amigos. As pessoas vivenciavam as tradições com um animus diferenciado; com uma veneração, que ousaria dizer, quase sagrada.

As instituições eram criadas em respeito aos mitos, costumes e tradições folclóricas. E foi nesse universo mítico que conheci um grande parceiro, que mais tarde se tornaria também um irmão. Hoje, padrinho de minha filha Alexandra Luna, que o estima igualmente.

Final dos anos 1970, com professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque à frente da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba. Foi justamente nesse tempo, durante a criação do Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (NUPPO) que conheci o professor José Nilton da Silva.

Em assessorando a Pró-Reitoria para Assuntos Comunitário (PRAC) da UFPB, que anteriormente funcionava no atual prédio do INSS, na Lagoa, sob a coordenação da professora Carmen Isabel, e já sendo jornalista de O Norte, foi-me atribuída a tarefa de cobrir as atividades do recém criado NUPPO. Foi nessa ocasião que mantive o primeiro contato com o prof. Nilton, a quem já conhecia apenas de nome e de feitos na área da Cultura Popular, além dos trabalhos que ele havia publicado em livros.

Militando na fotografia e no cinema, e já com alguns filmes realizados, não foi difícil pra mim ver no amigo Zé Nilton um “algo mais”, além de simples coordenador de núcleo. Ele também gostava muito de fotografia, o que me fez conhecer alguns de seus trabalhos durante nossos encontros diários no primeiro andar do prédio em frente ao Cine Municipal, onde fora instalado o NUPPO, inicialmente. No andar térreo ficava uma galeria de arte, nessa época coordenada pelo também nosso amigo e professor Alfonso Diaz Bernal, de saudosa memória.

Desses encontros para o cinema foram apenas alguns passos…

Trabalhando juntos, eu e Zé Nilton, ele mais como um fotógrafo de Still, realizamos alguns documentários sobre Cultura Popular e Folclore, em seus mais diversos segmentos – alegóricos, artesanais, religiosos, profanos… Entre alguns deles estão “Africanos”, “Procissão Marítima de São Pedro”, “Vila de Independência”, “A Ninhada” e “Romanço do Dinossauro”, esses três últimos realizados no interior da Paraíba, nas regiões do Cariri e do Alto Sertão. Mais recentemente, com sua participação, realizamos “Poltrona Rasgada”, relato sobre o acontecimento em um dos cinemas de João Pessoa, o Rex, no final dos anos de 1950.

Zé Nilton sempre foi uma pessoa sensível e acessível culturalmente. Ele representa, sobretudo na área de Cultura Popular, uma referência respeitosa aos quantos lhe busquem. E com esses valores, não por considera-lo parte de minha família, mas pela nossa longa convivência de respeito mútuo, eu passei a admirá-lo também pelo seu excelente trabalho.


Barretinho tem seu livro relançado

Patrono da Academia Paraibana de Cinema, onde existe também uma Sala em sua homenagem, o jornalista Antônio Barreto Neto, cadeira 18, que tem como ocupante o crítico de cinema João Batista de Brito, foi lembrado nesse final de semana, com o relançamento de seu livro “Cinema Por Escrito”, que traz uma seleção das críticas de cinema que publicou em A União.

O relançamento aconteceu nesse sábado pela manhã, na Fundação Casa de José Américo, durante a reabertura do Cineclube da FCJA. A Diretoria da APC se congratula com os familiares de seu patrono e com os responsáveis pelo evento.